Métodos de ensino de leitura no Império brasileiro: António Feliciano de Castilho e Joseph Jacotot

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Albuquerque, Suzana Lopes de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-19112019-163229/
Resumo: O poeta português António Feliciano de Castilho (1800-1875) propôs diferentes reformas na instrução primária e secundária em Portugal e no Brasil, incorporadas ao projeto da Modernidade, em que a escola calcada no tradicionalismo das instituições de sua época foi projetada como um palco de experimentações, intitulado por ele como o novo dentro de seu projeto de redenção pedagógica e social. Objetivando contribuir com a alfabetização das massas, criou um método de leitura denominado Método Português-Castilho para o ensino rápido e aprazível do ler, escrever e bem falar (1853). Castilho veio ao Brasil em 1855 para realizar sua divulgação. Ele recebeu resistências nessa visita ao Império brasileiro, gerando inclusive o cancelamento de seu curso. Para compreender esses embates em solo brasileiro, tornou-se necessário o conhecimento da vida e obra de sujeitos brasileiros como o professor Costa Azevedo e seus seguidores, autor de um método próprio de leitura fundamentado nos escritos do francês Joseph Jacotot (1770-1840), teórico francês criador da Filosofia Panecástica. Com seu irmão José Feliciano Castilho de Barreto e Noronha (1812-1879), Castilho também travou embates no Brasil na instrução secundária ao evocar um universo clássico, um purismo português e a defesa do vernáculo. A centralidade desta tese abrange os embates que Castilho travou na instrução pública, considerando os seus posicionamentos políticos e pedagógicos que foram combatidos por nacionalistas em um momento de constituição da nação brasileira e de um projeto de língua engendrado aos aspectos históricos, sociais e políticos de um Brasil que se desenhava. O maior desafio metodológico desta pesquisa foi a localização das fontes dispersas, sendo elencadas como compêndios, relatórios de inspetores e diretores-gerais da Instrução Pública, ofícios, requerimentos, fontes jornalísticas, cartas, dentre outras. As discussões sobre Joseph Jacotot foram levantadas a partir de seus manuais, de fontes que circularam no Brasil, como o periódico A Sciencia (1847-1848), e interpretadas pela leitura de Rancière (2005). Na tentativa de dialogar com as produções acerca do tema, a análise será fundamentada em autores como Boto (2012) e Bittencourt (2004), que abordaram os ritos da instrução portuguesa e brasileira. Constatou-se que nos embates travados por Castilho no Brasil oitocentista, para além das marchas pedagógicas do método sintético e analítico do ensino da leitura, o que estava em jogo eram posicionamentos políticos entre os defensores de um liberalismo monárquico pela via de Castilho, com os ideais republicanos preconizados pela via de sujeitos como Costa Azevedo e Valdetaro.