Potencial de abuso do midazolam intranasal em usuários de cocaína aspirada e voluntários normais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Braun, Ivan Mario
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-28112012-124456/
Resumo: INTRODUÇÃO: O midazolam é uma imidazobenzodiazepina usada para induzir o sono, produzir sedação antes de procedimentos dolorosos e no tratamento do estado de mal epiléptico. Seu uso pela via intranasal proporciona um rápido início de ação e esta via, em muitos casos, pode substituir as vias endovenosa e intramuscular, mais invasivas. Assim, o midazolam intranasal tem sido sugerido no tratamento extra-hospitalar de crises epilépticas e ataques de pânico. Por outro lado, os benzodiazepínicos possuem um potencial para serem abusados, principalmente em usuários de outras drogas. OBJETIVO: o presente estudo objetivou verificar o potencial de abuso do midazolam intranasal numa população experiente no uso intranasal de substâncias - abusadores de cocaína aspirada. MÉTODOS: Foram estudados 31 voluntários abusadores ou dependentes de cocaína e 34 controles saudáveis, subdivididos em quatro grupos: Abusadores de Cocaína (N = 16) e Voluntários Saudáveis (N= 17) que receberam midazolam (0,5 mg de hidrocloreto de midazolam em cada narina), e Abusadores de Cocaína (N = 15) e Voluntários Saudáveis (N = 17) que receberam o mesmo volume de um placebo ativo. As variáveis de resposta foram a Apreciação da Substância (AS) e a Vontade de Repetir o Uso da Substância (VR), avaliadas através de escalas analógicas visuais. RESULTADOS: A análise de perfis para medidas repetidas das variáveis de resposta mostrou um efeito significante da variável Tempo sobre AS (F[5;57] =3,947, p=0,004) e VR (F[5;57] =3,311, p=0,011). A variável Grupo (Abusadores de Cocaína x Voluntários Saudáveis) também teve um impacto sobre as variáveis de resposta AS e VR, sendo que os Abusadores de Cocaína tiveram pontuações mais altas tanto em AS (F[5;57] = 4,946, p = 0,030) quanto em VR (F[5;57] =5,229, p=0,026). Numa análise de regressão linear para investigar os efeitos do humor - medidos através de uma Escala Visual Analógica do Humor (VAMS) - sobre as variáveis de resposta AS e VR, os Abusadores de Cocaína apresentaram escores maiores que os Voluntários saudáveis tanto para AS (t = 3,37; p = 0,001) quanto para VR (t = 5,607; p = 0,011). Observou-se, também, um efeito dos fatores VAMS 16 (MAIS DEPRIMIDO MAIS EUFÓRICO; t = 4,28; p < 0,001) e VAMS 12 (MAIS EXCITADO MAIS RELAXADO; t = 2,66; p = 0,010), sobre a variável de resposta AS (R2 = 0,32): níveis maiores de euforia e relaxamento predisseram uma maior Apreciação da Substância instilada. O fator VAMS 16 (MAIS DEPRIMIDO MAIS EUFÓRICO) teve um efeito também sobre a variável de resposta VR (t = 3,65, p < 0,001; R2 =0,24): maior euforia predisse maior vontade de repetir o uso da substância. Finalmente, uma análise de regressão linear utilizando-se AS como variável explicativa e VR como variável de resposta resultou que quanto maior a apreciação positiva da substância, maior era a vontade de repetir seu uso (F = 108, 517; p < 0,001; R2 = 0,65). CONCLUSÕES: Corroborando estudos anteriores, observou-se que sensações como relaxamento e euforia correlacionam-se com o potencial de abuso de uma substância e uma maior apreciação positiva dos efeitos de uma substância correlaciona-se com uma maior vontade de usá-la novamente. Por outro lado, conclui-se que via intranasal em si aumentaria a probabilidade de abuso em usuários de substâncias intranasais. Consequentemente, uma eventual produção e comercialização para uso intranasal de uma substância com potencial de abuso deverá levar em conta este risco adicional para populações usuárias de drogas