Rankings acadêmicos no Brasil e nos Estados Unidos: contornos locais de uma experiência global

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Elias, André Felipe Dutra Martins Rocha
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48139/tde-02122024-155926/
Resumo: A disseminação de rankings em diferentes âmbitos da vida social constituiu-se como um fenômeno relevante para as ciências sociais. Utilizados como instrumentos de controle e gestão, rankings aproveitam sua simplicidade e inteligibilidade para facilitar um governo à distância. Nesse contexto, rankings acadêmicos têm ganhado significativa notoriedade. Mesmo diante de reiteradas críticas da comunidade científica acerca de suas imprecisões e inadequações, essas classificações aparecem natural e regularmente nos discursos de estudantes, docentes, dirigentes acadêmicos e autoridades políticas. Com o objetivo de compreender a ascensão e resiliência dos rankings, esta tese utiliza estudos sobre neoliberalismo e quantificação para analisá-los como um fenômeno social. A revisão de literatura identificou três pontos de articulação entre rankings e neoliberalismo: concorrência, hierarquias de status e accountability. Utilizando esses três pontos como eixos analíticos, estruturou-se uma pesquisa empírica para investigar os modos pelos quais rankings se difundiram globalmente. Popularizados pioneiramente nos Estados Unidos, durante um período de expansão e diversificação dos mercados de educação superior no país, rankings têm logrado significativa institucionalização em países onde a educação superior possui institucionalidade notavelmente distinta da estadunidense, como o Brasil. A análise empírica tem como objetivo compreender a difusão de rankings acadêmicos, investigando seus usos e efeitos na administração de universidades públicas, por meio de um estudo de casos comparado de instituições brasileiras e estadunidenses Universidade de São Paulo, Universidade Estadual de Campinas, University of California, Los Angeles e University of California, Berkeley. A partir da análise de um conjunto diversificado de documentos e entrevistas semiestruturadas, realizadas com responsáveis pela administração das universidades, buscou-se compreender nuances processuais dificilmente explicitadas em relatórios oficiais. Os resultados obtidos evidenciam três mecanismos principais pelos quais os rankings alteram a produção de sentido na educação superior. Primeiramente, fomentam uma identidade institucional competitiva, fornecendo métricas que orientam a valorização do capital simbólico das instituições. A incorporação desses rankings na administração universitária é impulsionada por atores institucionais, que os utilizam para buscar uma fonte externa de autoridade que legitime suas ações e seus projetos nas deliberações de políticas acadêmicas. Em segundo lugar, rankings alteram as formas pelas quais as universidades entendem a si mesmas, avaliam seus pares e projetam sua imagem externamente. Dessa forma, reordenam hierarquias de status na educação superior, transformando as condições que estruturam a corrida pela apreciação do capital simbólico. Por fim, rankings contribuem para a mercadização das relações entre universidades e sociedade, deslocando as práticas de accountability da ênfase no diálogo com as aspirações da sociedade para uma prestação de contas quantificada. Do ponto de vista teórico, espera-se que esta tese contribua para a compreensão das relações entre neoliberalismo e quantificação, delimitando seus contornos empíricos na educação superior. Empiricamente, pretende-se colaborar com novas pesquisas que possam avançar na análise crítica da generalização da forma-ranking de avaliar e classificar instituições de educação superior.