Ciência cidadã e modelos de distribuição de espécies para a conservação de aves ameaçadas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Bovo, Alex Augusto de Abreu
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11150/tde-10112021-154308/
Resumo: As alterações antrópicas causadas às áreas naturais tornam urgentes as ações para a conservação de espécies, que devem ser planejadas para aumentar a eficiência dos esforços investidos. A Modelagem de Distribuição de Espécies (MDE) é uma ferramenta capaz de auxiliar na conservação a partir da identificação de áreas com maior adequabilidade ambiental para a ocorrência de espécies. Para isso, é necessário utilizar dados ambientais espacializados e dados de presença acurados da espécie a ser modelada. Porém, para diversas espécies, os dados de presença são limitados a poucas áreas devido à falta de estudos. Para auxiliar a preencher essa lacuna, a ciência cidadã surge como uma potencial fonte de dados já utilizada em diversas áreas dentro da ecologia. Assim, o objetivo dessa tese foi investigar o potencial de uso de dados de ciência cidadã para a construção de modelos voltados à conservação de espécies e utilizar um modelo construído a partir de dados de ciência cidadã para auxiliar no planejamento de uma espécie de ave ameaçada da Mata Atlântica. No primeiro capítulo, para investigar o potencial de uso dos dados de ciência cidadã, comparamos no espaço geográfico e ambiental os dados presentes nas plataformas de ciência cidadã com os dados do mesmo registro enviado pelo usuário após solicitação. Dividimos todos os dados disponíveis em três grupos (controle, localidade e filtrado) para construir modelos e comparamos os resultados gerados. Também testamos um método de filtro de pontos utilizando o espaço ambiental para excluir pontos de localidade com informações marginais. As informações disponíveis nas plataformas mostraram um grande erro no espaço geográfico e inflaram a área ocupada pelos pontos no espaço ambiental, o que refletiu na qualidade dos modelos do grupo localidade, aumentando a sobreprevisão. O filtro utilizado foi capaz de reduzir esse erro, e pode ser uma ferramenta para espécies onde não existem dados acurados ao longo de toda a sua distribuição. No segundo capítulo, para encontrar áreas adequadas para a reintrodução da jacutinga (Aburria jacutinga), utilizamos dados de literatura, de projetos de pesquisas e enviados por usuários de ciência cidadã para a construção de um modelo. As áreas adequadas foram selecionadas a partir do tamanho estimado para a manutenção de uma população da espécie. Observamos que, apesar da grande retração em sua distribuição original, ainda existe adequabilidade ambiental para a jacutinga em grandes blocos de vegetação florestal, e identificamos algumas áreas sem registros recentes, que podem ser utilizados para a reintrodução da espécie. No terceiro capítulo, apresentamos um caso em que a base de dados de uma espécie ameaçada da Mata Atlântica, o papagaio-de-peito- roxo (Amazona vinacea), foi complementada a partir de dados de ciência cidadã. O objetivo desse capítulo foi divulgar aos cidadãos cientistas como os dados coletados por eles podem ser úteis para a conservação, e consequentemente, promover a coleta de dados com informações geográficas acuradas. Nossos resultados demonstram que, uma vez selecionados com critério, dados de ciência cidadã são uma valiosa fonte de informação para a produção de trabalhos científicos e sua consequência aplicação na conservação de espécies ameaçadas.