Campesinato no Brasil: conceito, características e tendências

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1976
Autor(a) principal: Carvalho, João Carlos Monteiro de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/0/tde-20240301-151236/
Resumo: O pequeno produtor agrícola vem despertando interesse por parte dos governantes, dos pesquisadores e dos estudiosos do meio rural brasileiro. A agricultura praticada nessas pequenas unidades produtivas ou unidades produtivas camponesas é importante pelo fato de que é ela, através de seu excedente, quem alimenta grande parte da população do País e, também, porque essa agricultura ocupa a maior parte da população rural. Contudo, os indivíduos que nela trabalham e a caracterizam por um baixo nível de vida; é o campesinato brasileiro. Para que o governo possa tomar medidas que se coadunem com os interesses desses pequenos agricultores e da sociedade como um todo, torna-se importante saber ou conhecer melhor essa categoria no que concerne a seus aspectos históricos, políticos, sociais e econômicos. Este estudo tem por objetivo geral dar uma visão histórica do campesinato no Brasil e identificar algumas de suas tendências recentes. Neste sentido, a presente pesquisa extraiu da história econômica e social do Brasil tipos construídos referentes ao camponês, à agricultura camponesa e ao campesinato e comparou-os aos que existiram na Europa Ocidental no período feudal. Identificou-se, também, à luz de algumas teorias existentes, a situação e as opções atuais do campesinato brasileiro. Através de dados do Censo Agrícola de 1950 e do Censo Agropecuário de 1970, procurou-se verificar a tendência recente do campesinato nos Estados de São Paulo e Piauí como resultante da penetração do capitalismo no campo. Chegou-se às seguintes conclusões: no Brasil sempre existiu e ainda existe: (a) um tipo rural, que pode e deve ser denominado de camponês; (b) uma agricultura camponesa e (c) um campesinato. Chegou-se também à conclusão de que o campesinato brasileiro se caracterizou sempre por uma situação de subordinação social, econômica e política para com outras categorias e que atualmente esse campesinato possui três opções: (1) proletarizar-se; (2) transformar-se em empresários familiares, ou (3) manter-se no atual “status quo”. Quanto à tendência recente deste campesinato, verificou-se que no Piauí, Estado em que o capitalismo menos penetrou no campo, houve no período compreendido entre 1950 e 1970 uma alta proliferação do campesinato, ao passo que em São Paulo, onde o capitalismo mais se desenvolveu na agropecuária o campesinato cresceu com uma intensidade bem menor. Este fato corrobora a hipótese implícita no trabalho de que o capitalismo não elimina necessariamente as relações sociais de produção pré-capitalistas. Embora a importância relativa das relações pré-capitalistas diminua, elas parecem constituir elemento essencial ao processo de crescimento do próprio capitalismo no campo.