\"Estudo geológico-geocronológico dos terrenos granito-gnáissicos e sequências metavulcanossedimentares da Região do Betara (PR)\"

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Ribeiro, Ligia Maria de Almeida Leite
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44141/tde-20032007-092356/
Resumo: A Região do Betara, objeto desta pesquisa, localiza-se a nordeste da Cidade de Curitiba, entre os Municípios de Rio Branco do Sul e Campo Largo. Inclui Rochas granito-gnáissicas proto a miloníticas (Núcleo Betara) e seqüências metavulcanossedimentares de baixo a médio grau metamórfico (Formação Betara). Esses terrenos ocorrem na porção sul da Faixa Ribeira, em meio a seqüências metavulcanossedimentares da Formação Votuverava. Este trabalho teve como objetivo principal realizar estudos geológico-geocronológicos (UPb zircão) de rochas metabásicas associadas à seqüências metavulcanossedimentares (Formação Betara), bem como dos terrenos granito-gnáissicos proto a miloníticos (Núcleo Betara). Na região centro-sul do Betara, foram reconhecidas rochas granodioríticas proto a miloníticas formadas durante o paleoproterozóico (~2200 Ma) com heranças (núcleos de zircões) arqueanas (~2800 Ma). Valores arqueanos (~3200 Ma) foram obtidos através do método Sm-Nd (TDM) indicativos da época de derivação do manto dos protolitos crustais dessas rochas. Estes terrenos são limitados a sul pela Zona de Cisalhamento Lancinha, que baliza o domínio da Faixa Apiaí (à norte) daquele pertencente ao Complexo Atuba (a sul). Neste contexto tectônico, os terrenos granodioríticos proto à miloníticos representam lascas de embasamento, possivelmente relacionadas ao cráton do Paranapanema. Tal correlação, no entanto, não é tarefa fácil, uma vez que as características geológicas acopladas ao padrão geocronológico são bastante similares às observadas para o Núcleo Setuva (Siga Júnior et al., 2006 no prelo) e para o Complexo Atuba ( Siga Júnior et al., 1995 e Sato et al., 2003). Em contato tectônico com os terrenos granodioríticos ocorrem rochas sienograníticas proto a miloníticas, intimamente associadas a rochas metabásicas (mistura de magmas ? mixing, mingling). Os valores U-Pb (zircão) obtidos para os litotipos sienograníticos referem-se ao paleoproterozóico superior (1780 ? 1750 Ma; Kaulfuss, 2001 e Cury et al., 2003), similar às idades aqui obtidas para as rochas metabásicas (U-PB, zircão de 1789+-22 Ma). A ocorrência de rochas sienograníticas associadas a rochas metabásicas, com características anorogências, sugestivas de regimes extencionais representa um importante marco na região, relacionado à Tafrogênese Estateriana. Acrescente-se ainda a possibilidade de haver sedimentação associada a esse magmatismo de natureza anorogênica, relacionado a bacias do tipo rift desenvolvidas nesse período. Idades desse intervalo (1800 ? 1600 Ma) ocorrem no âmbito da Faixa Apiaí, em rochas sienograníticas proto à miloníticas do Núcleo do Tigre, a sul do corpo granítico Passa Três e no setor NE do batólito granítico Três Córregos (Kaulfuss, 2001; Cury et al., 2003 e Prazeres Filho, 2005). No continente Sul-Americano são reconhecidos ao longo de grande parte de sua porção centro-oriental (Província Borborema, Sistema Espinhaço, Grupo São João Del Rei, Província Tocantins e Faixa Ribeira), conforme discutido em Brito Neves et al. (1995). Esses registros tafrogenéticos, embora relativamente sincrônicos, variam em magnitude e extensão e são na maioria das vezes, caracterizados como rifts crustais com magmatismo de natureza alcalina ou sub-alcalina e sedimentação siliciclástica associada. Devem representar importantes cicatrizes associadas à rupturas de grandes massas continentais aglutinadas durante o Paleoproterozóico (Supercontinente Atlântica ? Rogers, 1996), ou mesmo durante o Paleo-Mesoproterozóico (Supercontinente Columbia; Rogers e Santos, 2002; Zhao et al., 2004). Os estudos geológicos relativos as seqüências metavulcanossedimentares (Formação Betara), em contato tectônico com os terrenos sienograníticos e granodioríticos (Núcleo Betara), permitiram reconhecer três unidades maiores: Sequência metapsamítica (basal) representada principalmente por quartzitos, uma Sequência de mármores, calciossilicáticas e metamargas (intermediária) e uma Sequência metapelítica (superior) onde predominam filitos com metabásicas associadas. Os dados geocronológicos obtidos através do método U-Pb (zircão) referem-se a corpos de rochas metabásicas (possíveis sills ou diques), que ocorrem intercalados concordantemente com a Sequência pelítica superior. O estudo petrográficos e geoquímicos desses corpos, embora bastante preliminar indica a natureza orto derivada dessas rochas e um quimismo de basaltos subalcalinos sugestivos de ambientes tectônicos distensivos. As idades obtidas do intervalo de 1500-1450 Ma são aqui interpretadas como mínimas de deposição da Formação Betara, possivelmente próxima desta. Valores de intervalo (1500-1450 Ma.) foram recentemente obtidos para as seqüências metavulcanossedimentares das Formações Votuverava, Perau e Água Clara. O Mesoproterozóico representa portanto, um importante marco relacionado a deposição de grande parte das seqüências metavulcanossedimentares do sul da Faixa Ribeira. O padrão geológico-geocronológico aliado ao padrão estrutural observado para a região do Betara, sugere que a colocação desses terrenos a níveis crustais superiores tenha ocorrido durante o Neoproterozóico, função de uma tectônica controlada em grande parte por cisalhamentos.