\'Ator sem consciência é bobo da corte\': frentismo cultural e realismo crítico na dramaturgia brasileira de matriz comunista, 1973-1979

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Rosell, Mariana Rodrigues
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-25092018-123701/
Resumo: Este trabalho analisa quatro peças brasileiras dos anos 1970: Um grito parado no ar (Gianfrancesco Guarnieri, 1973), Rasga coração (Oduvaldo Vianna Filho, 1974), Gota dágua (Chico Buarque e Paulo Pontes, 1975) e O último carro (João das Neves, 19641967-1976). Escritas por diferentes dramaturgos, essas peças são representantes de um projeto de teatro que se constituiu na década de 1970, marcado pelas tentativas de retomada dos palcos brasileiros com uma dramaturgia cujas principais características são a valorização da palavra como eixo estruturante das peças, o investimento na busca por uma síntese formal de acordo com a matéria histórica a ser representada e a reafirmação do compromisso com o engajamento. A análise das peças permitiu identificar a forte presença de elementos da cultura política comunista e a proximidade de seu discurso com o projeto político do Partido Comunista Brasileiro (PCB), o que permitiu caracterizá-las como dramaturgia de matriz comunista. As tentativas de retomada dos palcos se deram através de um processo de avaliação da prática teatral no qual os dramaturgos reafirmaram alguns dos pressupostos que haviam tido no horizonte de sua escrita dramatúrgica até então, ao mesmo tempo em que tentaram abandonar outros. Tentando deixar de lado o idealismo com que haviam lido a realidade brasileira e a teleologia revolucionária com que haviam representado os personagens populares, esses dramaturgos não abandonaram a defesa de uma estratégia de resistência ao regime militar através de uma frente ampla pela redemocratização. O frentismo, porém, surge reconfigurado, tendo seu foco deslocado de uma frente policlassista para uma frente entre membros de uma mesma classe social cujas estratégias de ação política divergiam. A busca por uma síntese formal sugere a constituição de uma \"frente estética\" em que diferentes matrizes teóricas foram conjugadas, evidenciando a importância da pesquisa formal para o teatro engajado. No entanto, apesar dessas características convergentes, as peças não deixam de expressar tensões entre si e expõem os impasses e contradições que marcaram a modernização do Brasil nos anos 1970.