O processo de luto do filho da pessoa que cometeu suícidio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Fukumitsu, Karina Okajima
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-04072013-143625/
Resumo: O suicídio é uma morte repentina e violenta, que choca. Pode provocar indignação, pois causa em quem ficou um hiato, em relação à experiência de dizer adeus àquele que é amado. A morte autoinfligida causa sofrimento e, por isso, o enlutado por suicídio é reconhecido como sobrevivente. Este estudo teve como objetivo a compreensão do processo de luto do(a) filho(a) da pessoa que cometeu o suicídio. Jamison (2010), Alvarez (1999) e Shneidman (1985; 1993) foram os principais autores que fundamentaram a discussão sobre o suicídio. As obras de Parkes (1998; 2009), Franco (2002; 2010), Kovács (1992; 2003) e Clark (2001; 2007), as fontes básicas consultadas para a compreensão do processo de luto. Trata-se de pesquisa de natureza qualitativa, tendo como participantes 9 (nove) filhos de indivíduos que cometeram o suicídio. Os princípios éticos de sigilo, privacidade, confidencialidade, não identificação dos dados do colaborador e liberdade de participação foram respeitados. Os depoimentos foram gravados com a anuência dos entrevistados e realizados: entrevista para a coleta de depoimento, de aproximadamente 3 (três) horas de duração e 2 (dois) contatos por e-mail para enviar a transcrição das entrevistas, e outro, depois da análise dos dados, para compartilhar com o colaborador a compreensão da pesquisadora. As unidades de significados foram extraídas conforme o método fenomenológico (Moustakas, 1994) e compreendidas pela perspectiva da abordagem da Gestalt-terapia. Observou-se que para alguns entrevistados, a superação da falta do progenitor trouxe ambivalências: vivos, foram ausentes; mortos, tornaram-se presentes. O ato suicida pode denunciar uma dinâmica familiar cujo rompimento de vínculos já acontecia, ou seja, o estresse foi experienciado antes, durante e depois do suicídio. Portanto, o suicídio não foi fator precipitante, mas, sim, o processo como um todo. Quando o filho sobrevive ao suicídio de um dos genitores pode ter uma experiência cujo sofrimento provoca culpa, raiva, ressentimentos, sensação de desamparo e de abandono, solidão, falta de oportunidade por não ter recebido colo, acalanto, cuidado, amor e direção. Considerou-se que, embora a morte seja para sempre, o luto é um processo dinâmico, no qual os enlutados tentam administrar uma diversidade de sentimentos e pensamentos: além da necessidade de compreender a morte, surge a redefinição de seu papel na família. Destaca-se também o calar e o isolamento dos depoentes. O isolamento parece acontecer para que não sejam mobilizados os sentimentos confusos e não compartilhados, que ameaçam a zona de conforto tão arduamente conquistada pelos que sobreviveram. O que se cala é o sofrimento, a dúvida e o estigma. Identificou-se que o suicídio parental é uma vivência ímpar, que permite à pessoa descobrir e desenvolver estratégias de enfrentamento em seu processo de luto