Aspectos epidemiológicos da malária humana e simiana em área de influência do reservatório da usina hidrelétrica de Porto Primavera, Município de Presidente Epitácio, São Paulo, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2003
Autor(a) principal: Duarte, Ana Maria Ribeiro de Castro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6132/tde-05022021-161718/
Resumo: Objetivo: Verificar a prevalência de infecções maláricas, anticorpos contra formas infectantes (esporozoítos) e anticorpos contra formas sangüíneas (assexuadas) de plasmódios, nas populações humanas e de bugios (Alouatta caraya), que habitam a região do reservatório da UHE de Porto Primavera, no Município de Presidente Epitácio, no Estado de São Paulo; área com história de malária autóctone. Comparar os resultados encontrados em ambas populações e realizar análise epidemiológica sobre o risco da re-introdução da malária na região e a possibilidade do envolvimento de bugios no ciclo de transmissão. Métodos: Amostras de sangue de 216 moradores de duas áreas que se situam às margens do reservatório, Campinal (área nativa) e Reassentamento Lagoa São Paulo (RLSP); e amostras de sangue de 239 bugios capturados nas matas ciliares das margens correspondentes aos lados do de São Paulo e Mato Grosso do Sul, por ocasião das inundações do lago artificial. Foram realizados exame parasitológico de gota espessa e esfregaço sangüíneo e reação de polimerização em cadeia (PCR), com \"primers\" correspondentes a região 18S rRNA gênero específica de plasmódio e, \"primers\" correspondentes ao gene da proteína circumsporozoíta (CS) de Plasmodium vivax, P. falciparum e P. malariae, para identificação de infecções maláricas. Foram realizados os seguintes testes sorológicos para detecção de anticorpos da classe IgG: ELISA com peptídeos sintéticos correspondentes à região repetitiva da proteína CS de P. vivax \"clássico (VK210) (Pvc), P. vivax \'\'variante\'\' (VK247) (Pvk), P. vivax-like humano (Pvl), P. malariaelP.brasilianum (PmlPb) e P. falciparum (Pf), e Imunofluorescência Indireta (IFI) com antígenos de formas sangüíneas de P. vivax, P. falciparum e P. malariae. Resultados: No exame parasitológico, foram encontradas formas semelhantes ao P. vivax em 7 lâminas de gota espessa (2,9%) de bugios, sendo 2 espécimes de São Paulo (SP) e 5 do Mato Grosso do Sul (MS). Na técnica de PCR, foram observadas amplificações em 7 amostras de DNA de bugios (4 de SP e 3 do MS) com os \"primers\" 18S rRNA gênero específico (2,9%), sendo que destas, 4 amplificaram também, com os \"primers\" correspondentes ao gene CS de P. vivax, e 2 com \"primers\" espécie específicos de P. falciparum (18S rRNA). Não foram observadas amplificações nas 7 amostras positivas testadas com os \"primers\" CS de P. falciparum e P. malariae. Não foram identificadas infecções maláricas na população humana amostrada, por meio dos métodos utilizados. Na reação de ELISA verificamos alta prevalência de anticorpos contra a proteína CS com os peptídeos do \"Complexo vivax\" na população humana (17,6%). No Campinal a positividade foi de 22,3%, sendo a maioria dos soros positivos com o peptídeo Pvc (11,5%), no RLSP a positividade foi de 10,5%, sendo a prevalência maior para o peptídeo Pvl (7,0%). A prevalência com os peptídeos PmJPb e Pf foi de 3,8% para ambos no Campinal, e de 2,3% e 7,0% no RLSP, respectivamente. Na reação de IFI com antígeno de P. vivax, a positividade total foi de 20,8%, sendo 21,5% no Campinal e 19,8% no RLSP. Os soros humanos foram negativos com os antígenos de P. falciparum e P.malariae. Na população de bugios foi verificada também alta prevalência de anticorpos com os peptídeos do \"Complexo vivax\", sendo 19,6% e 8,8% nos bugios de SP e MS, respectivamente. Houve maior predominância de soros positivos com peptídeo Pvk em ambas localidades. A positividade com os peptídeos Pm/Pb e Pf foi de 12,7% e 10,8% nos macacos de SP, respectivamente; e 7,3% nos macacos de MS, para ambos os peptídeos. Na reação de IFI, foi observada alta prevalência de anticorpos contra formas sangüíneas de P. vivax nos bugios (17,6%), sendo 15,7% e 19,0% nos bugios de SP e MS, respectivamente. Com o antígeno de P. falciparum a prevalência na totalidade da amostra foi de 5,0%, sendo 5,9% e 4,4% nos bugios de SP e MS, respectivamente. Com o antígeno de P. malariae a positividade foi de 13.4%, sendo 9.8% e 16.1% nos bugios de SP e MS, respectivamente. Conclusões: Não foi observada a circulação de plasmódios na população humana, entretanto foi verificada a presença de P. vivax e P. falciparum nos bugios. A prevalência de anticorpos contra esporozoítos (proteína CS) de plasmódios (P. vivax, P. falciparum e P.malariae), indicou que ambas populações, humanas e de bugios da área de estudo, entram em contatos com estes parasitos. A prevalência de anticorpos contra formas sangüíneas indicou o desenvolvimento de infecções maláricas em ambas populações, humanas e de bugios, sugerindo a ocorrência de quadro assintomático entre humanos e confirmando a ocorrência de infecção entre os macacos. A comparação dos resultados sugere a ocorrência de um quadro de transmissão na população de bugios, que possivelmente envolve a população humana na situação epidemiológica atual. Em função dos resultados das pesquisas entomológicas conduzidas paralelamente na mesma área de estudo, indicarem o aumento da densidade de espécies vetoras, este quadro pode mudar, e com isso prevemos o aumento do risco da re-introdução da malária na população humana.