Resumo: |
Pesquisas nas últimas décadas revelaram uma nova realidade na história dos portugueses de origem sefaradita. Foram os pioneiros nas descobertas do ouro e diamantes na nova colônia, Brasil. Nas montanhosas terras das Minas Gerais viveram no século XVIII numerosos judeus que, após a Conversão Forçada em 1497, trouxeram para a região costumes, rituais e crenças, diferentes da população cristã, herdados de seus antepassados judeus. Certos costumes e crenças foram seguidos na maior clandestinidade, enquanto outros desapareceram completamente. A comunicação entre os conversos se dava por meio de símbolos, verdadeiros códigos secretos, apesar da vigilância rigorosa que a Inquisição impôs sobre a colônia na época de sua grande prosperidade aurífera. Envolvidos com a extração de diamantes e com o comércio, alguns cristãos novos se tornaram verdadeiros magnatas, e ajudavam os empobrecidos conversos que chegavam fugitivos do Reino. Os recém-chegados traziam notícias de Portugal, Espanha, Holanda e ensinavam aos já esquecidos cristãos novos do Brasil práticas judaicas que o tempo havia apagado. As datas festivas lembradas, o calendário, as orações, eram ensinadas aos mineiros. Minha pesquisa concentra-se especificamente na região do Tijuco e procura conhecer as relações existentes entre os moradores do Distrito Diamantino com o restante das Minas. Analisei, através das fontes inquisitoriais encontradas em documentos do Arquivo da Torre do Tombo em Lisboa, o núcleo constituído por cristãos novos na região diamantina e os caminhos secretos que os mineiros construíram para chegar às Minas, também os tipos humanos que viveram nessa região e sua mentalidade esclarecida, que influenciaram de maneira pioneira as ideias de liberdade de pensamento na colônia. |
---|