Lutas simbólicas e doxa: jornalistas e acadêmicos no caso da \'lista dos improdutivos\' da USP

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Chiaramonte, Aline Rodrigues
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
USP
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-16032016-153615/
Resumo: A interface entre dois campos distintos de produção simbólica constituem o objeto dessa pesquisa. Utilizando como recurso heurístico o caso da lista dos improdutivos, polêmica criada pela divulgação no jornal Folha de S. Paulo de uma relação de nomes de professores elaborada pela reitoria da USP que supostamente não haviam publicado trabalhos acadêmicos entre 1985 e 1986, a dissertação analisa as relações entre acadêmicos e jornalistas no que concerne à luta pela imposição de princípios de classificação relativos à organização da sociedade brasileira. As interações entre os agentes e grupos que dão corpo ao evento revestem-se de significado na medida em que permitem o acesso a realidades sócio-históricas, funcionando como janelas abertas para as estruturas, revelando relações de força, espaços posicionais e suas regras. Nessa lógica, o estudo desse momento de interação centrado na trajetória dos agentes que tomaram parte nele, permite tornar inteligíveis as atitudes e concepções (tomadas de posição) que eles adotam e os recursos mobilizados no conflito que se instaurou. Assim, sob a aparência de descrever os problemas da universidade, as tomadas de posição dos agentes envolvidos no caso revelam princípios de como ver e de como atuar no processo de modernização das instituições e do Estado no período. Nessa direção, as relações entre o jornalismo e a universidade são analisadas como uma aproximação pela concorrência, na medida em que um grupo de jornalistas da Folha de S. Paulo, detentores de um conjunto específico de propriedades, procura difundir a ideia da necessidade de modernização das instituições, ao mesmo tempo em que uma elite de acadêmicos, que detêm recursos simbólicos para impor seu modo de pensar, também se demonstra afeita à construção dessa doxa. Apesar de não serem de todo semelhantes, tais percepções se encontram no mesmo registro, contribuindo para a produção de uma prescrição a respeito da modernização do Estado e da sociedade, que foi gradualmente sendo naturalizada e realizada a partir do final da década de 1980.