Por dentro da BNCC: um olhar para o letramento matemático

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Carvalho, Larissa Ribeiro Viana de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59140/tde-08062021-135153/
Resumo: O presente trabalho busca investigar o conceito de letramento matemático, considerando sua gênese e seu desenvolvimento e as implicações para a organização do ensino de matemática, tendo como referente empírico o processo de elaboração da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O estudo fundamenta-se na teoria histórico-cultural e tem por objetivo compreender a concepção de letramento matemático adotado pelo documento. Assim, questões como: o que se entende por letramento matemático? Qual a concepção de educação subjacente? movimentam este trabalho. A matemática tem sido analisada como parte de uma área curricular e, com base nas contribuições de Leontiev e Vigostski, assume-se a escola como ambiente privilegiado para a apropriação do conhecimento humano produzido, o que requer um ensino promotor da aprendizagem e do desenvolvimento dos conceitos científicos. Para tanto, estuda-se o percurso de criação e aprovação da BNCC como parte de um processo histórico pertencente a um contexto político e econômico, percorrem-se os caminhos pelos quais o letramento matemático passa a fazer parte do documento como orientador da organização curricular. As análises mostram que a BNCC, alinhada às políticas neoliberais para a educação, fundamenta-se, também, nas categorias de competência e habilidade em relação ao conhecimento matemático, em detrimento de uma compreensão deste conhecimento como ferramenta simbólica, como produção humana, que objetiva, até o momento, as máximas capacidades humanas nessa área. Nessa direção, observa-se que o termo letramento matemático é esvaziado de seu significado social, nomeadamente do campo da linguística, cujo sentido está associado à perspectiva sócio-histórica, para assumir novos significados em consonância com a educação defendida pelo neoliberalismo, transformando-se em uma metáfora para \"competência\" e \"proficiência\" do indivíduo, produzida no âmbito da meritocracia. A centralidade no indivíduo, que marca a concepção de letramento matemático na BNCC, sustenta-se em uma perspectiva de organização curricular apoiada na defesa do direito à aprendizagem, em contraposição ao direito à educação, como direito humano de todos e todas.