Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2014 |
Autor(a) principal: |
Villalobos, Isabel |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-08122014-094023/
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Resumo: |
Este trabalho apresenta uma análise da consistência e utilidade do material didático integrante do Programa Ler e Escrever para a alfabetização de crianças do primeiro ciclo do ensino fundamental, adotado pelo estado de São Paulo. A análise é feita sob as seguintes perspectivas: consistência do referencial teórico adotado, existência ou não de evidências da eficácia da didática proposta pela obtenção de resultados favoráveis por diferentes pesquisadores em outros contextos de aplicação, e consenso da comunidade científica sobre a interpretação destes resultados. O trabalho apresenta também os resultados de avaliações e intervenções realizadas com 44 crianças de 7 a 13 anos defasadas na leitura e na escrita, estudantes de escolas públicas de dois municípios da Região Metropolitana de São Paulo que aderiram à alfabetização construtivista. Estes resultados também foram usados como referencial para a análise. Os aspectos analisados foram o referencial teórico adotado (o modelo de psicogênese da língua escrita de Ferreiro e Teberosky), o procedimento proposto para avaliação do progresso das crianças (a sondagem) e uma instrução para a leitura de histórias (não pare a leitura para explicar as palavras difíceis). Os resultados da análise da proposta didática estudada mostram que outras interpretações são possíveis para os experimentos que deram origem ao modelo adotado. Mostram também que não há consenso sobre este modelo como explicativo necessário e suficiente para os problemas relativos à alfabetização, e que parece não haver na literatura acadêmica evidências empíricas que recomendem a didática proposta. Os resultados das avaliações e intervenções realizadas com as crianças apontam para a existência de dificuldades comuns na alfabetização no português do Brasil registradas na bibliografia acadêmica sobre o tema, dificuldades que a proposta didática analisada não leva em consideração. Mostram ainda que as crianças estudadas apresentam sequelas de um processo inadequado de alfabetização, compatíveis com uma proposta de alfabetização construtivista semelhante à proposta analisada. Uma destas sequelas é a troca do esforço de decodificação das palavras pela tentativa de adivinhação. Crianças que não são auxiliadas a superar suas dificuldades podem desenvolver soluções equivocadas para os problemas de leitura que não conseguem resolver, tornando estas dificuldades muito maiores do que seriam se tivessem sido esclarecidas logo que surgiram. Por exemplo, um problema para o qual a literatura científica e tampouco os documentos analisados dão a devida atenção é o fato de que algumas crianças, quando leem uma palavra e não conseguem atribuir sentido, acreditam que não leram, podendo chegar ao ponto de pensarem que não sabem ler. Este problema pode ser considerado como relativo a um dos aspectos da consciência lexical da criança, ou seja, a falta de consciência de que o idioma tem muitas palavras que são desconhecidas para ela e sugere a necessidade de cuidados na aplicação de alguns testes de avaliação cognitiva, especialmente os de leitura de pseudopalavras. Outro problema que os documentos analisados não levam em consideração é uma característica do português brasileiro que constitui um grande obstáculo à atribuição de sentido às palavras pelas crianças, constituído pela multiplicidade de sons representados por cada vogal. |