Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Santos, Vanessa Silva dos |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-06092021-163533/
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Resumo: |
A presente dissertação objetiva cartografar as múltiplas dimensões do sofrimento psíquico universitário no território da moradia estudantil da USP, o CRUSP. A entrada na universidade se configura como um momento de ruptura e de reconfiguração da identidade, no qual o sujeito se distancia de seus referenciais originários e entra em um novo mundo que possui novos referenciais e novas regras. O confronto com essa nova realidade pode ser fonte de uma crise que se manifesta de maneiras diversas e que reflete todo o contexto de mal-estar que vivenciamos na contemporaneidade. A moradia universitária, como parte das políticas de permanência estudantil, constitui-se como um espaço no qual um estudante, ao ingressar na universidade pública, pode residir pelo período determinado em que estiver cursando uma graduação ou pós-graduação. A possibilidade de pertencimento efetivo à universidade para muitos estudantes está vinculada às condições de permanência estudantil, especialmente a moradia. Neste trabalho, utilizamos a psicanálise como perspectiva teórico-metodológica de pesquisa-intervenção participativa, operando com procedimentos metodológicos, tais como a cartografia, entendida como um modo de escuta do território, e a entrevista operativa como dispositivo clínico. A partir da escuta do território CRUSP, observamos que existe no âmbito da moradia uma sobreposição de processos de transição: da juventude para a vida adulta e do mundo de origem para o mundo da universidade. Tal transposição entremundos pode se tornar ainda mais complexa quando reconhecemos a existência de questões envolvendo classe social e raça, e o acesso à universidade configura-se também como a possibilidade de mudança de lugar social. Destacamos que existe um sentimento de ameaça sempre presente na moradia estudantil, algo que configura um estado de precariedade dos objetos sociais, conforme conceito de Jean Furtos. Notamos ainda a existência de uma crise em curso na atualidade que atravessa e extrapola o contexto do CRUSP, na qual há uma incerteza sempre presente em relação à segurança e estabilidade que as instituições podem oferecer aos sujeitos - fenômeno que René Kaës nomeia como ausência do respondedor. Na moradia estudantil, o efeito de demandas primordiais cronicamente sem respostas pode levar a um estado crescente de desamparo, algo que afeta a saúde mental dos estudantes-moradores. A escuta em transferência dos entrevistados nos levou a pensar que existe no CRUSP algo da ordem do irrepresentável ou do traumático, que demanda testemunho e interlocução. Ao final deste trabalho, apontamos a importância da criação de dispositivos de apoio e ancoragem aos estudantes para que a travessia universitária possa se efetivar de maneira menos penosa |