O Rift Continental do Sudeste do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1990
Autor(a) principal: Riccomini, Claudio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44136/tde-18032013-105507/
Resumo: O Rift continental do Sudeste do Brasil (RCSB), de idade cenozóica, é uma feição alongada e deprimida, desenvolvida entre as cidades de Curitiba (PR) e Niterói (RJ), numa extensão de pelo menos 800 km. Segue grosseiramente a linha de costa atual, da qual dista em média cerca de 70 km, alcançando o Atlântico na sua terminação nordeste. O segmento mais contínuo desse rift, entre as cidades de São Paulo (SP) e Volta Redonda (RJ), com cerca de 350 km de comprimento, foi objeto de estudo no presente trabalho, no tocante aos seus aspectos de tectonia e sedimentação. Com base principalmente na análise microestrutural e na análise de fácies sedimentares, amparadas em dados mineralógicos, palinológicos, geocronológicos e geomorfológicos, entre outros, pôde ser estabelecida de forma tentativa, a seguinte seqüência de eventos para a área estudada: a) Paleógeno (Eoceno-Oligoceno): formação da depressão original (hemi-graben), contínua na porção analisada, como resultado do campo de esforços extensionais de direção NNW-SSE imposto pelo basculamento termomecânico na Bacia de Santos; preenchimento vulcano-sedimentar sintectônico (Grupo Taubaté), compreendendo um sistema de leques aluviais associados à planície aluvial de rios entrelaçados (Formação Resende), basal e lateral na bacia, um sistema playa-lake (Formação tremembé), e um sistema fluvial meandrante (Formação São Paulo); eclosão de derrames de basanito a sudeste de Volta Redonda (Basanito Casa de Pedra), associados ao sistema fanglomerático; condições climáticas inicialmente semi-áridas, durante a sedimentação das formações Resende e Tremembé, passando para úmidas durante a deposição da Formação São Paulo; b) Neógeno (Mioceno ?): transcorrência sinistral de direção E-W, com extensão NW-SE e localmente compressão NE-SW; geração de soleiras (Arujá, Queluz, entre outras) relacionadas à transpressão, ou bacias tipo pull-apart (sistema fluvial entrelaçado da Formação Itaquaquecetuba), associadas à transtração ou relaxamento final dos esforços dessa fase; separação das drenagens dos rios Tietê e Paraíba do Sul pela Soleira de Arujá, com mudança do nível de base e erosão na porção central da Bacia de Taubaté; c) Plioceno (?) a Pleistoceno Inferior: implantação de novo sistema fluvial meandrante (Formação Pindamonhangaba), na área da Bacia de Taubaté, em condições provavelmente quentes e úmidas; d) Pleistoceno Superior: inicialmente fase de estabilidade tectônica com a deposição de sedimentos colúvio-aluviais, frutos do remodelamento do relevo em função das variações climáticas; ao final, nova fase transcorrente E-W, agora dextral, com compressão NW-SE e geração de novas soleiras; definição de distribuição atual dos sedimentos nas bacias, ou embaciamentos, num arranjo lazy-Z; e) Holoceno: nova extensão NW (WNW) - SE (ESE), afetando depósitos de baixos terraços ligados à evolução da rede de drenagem do Rio Paraíba do Sul; f) Atual: campo de tensões indicando compressão, sugestivo de nova mudança no regime de esforços. A alternância entre transcorrência sinistral e dextral e, conseqüentemente, de esforços trativos para compreensivos, respectivamente, estaria relacionada provavelmente ao balanço entre as taxas de abertura na Cadeia Meso-Atlântica e de subducção da Placa de Nazca sob a Placa Sul Americana. A deriva desta última para oeste, em relação às estruturas antigas do RCSB, proporcionaria transcorrência dextral quando a taxa de abertura excedesse a de subducção e transcorrência sinistral no caso oposto. O quadro tectono-sedimentar estabelecido apresenta implicações para a geologia econômica e de engenharia da área de estudo, sendo apresentadas breves considerações a esse respeito ao final do trabalho.