Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Talero, Carolina Montealegre |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-30112020-120143/
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Resumo: |
Aumentar a biodiversidade nas paisagens antrópicas a fim de manter a provisão de serviços ecossistêmicos é um grande desafio. O cross-habitat spillover, o movimento de espécies através das bordas entre ambientes nativos e antrópicos (frequentemente traduzido como \'transbordamento\'), é um processo ecológico essencial motivado por diferentes mecanismos, incluindo o uso de recursos que estão espacialmente separados. O objetivo desta tese foi avançar o conhecimento atual de como o processo de spillover é afetado pela estrutura da paisagem, integrando pesquisas teóricas e empíricas ao longo de três capítulos. O primeiro capítulo é composto por uma meta-análise dos efeitos da estrutura da paisagem sobre polinizadores e inimigos naturais. A meta-analise resultou em 50 artigos revisados, na qual encontramos evidência que o contraste entre habitats adjacentes tem um efeito negativo no spillover de polinizadores e inimigos naturais. Nossos resultados sugerem que paisagens com bordas menos contrastantes entre áreas naturais e culturas são mais favoráveis para o spillover. No segundo capítulo, avaliamos o spillover de aves ao longo de um gradiente de cobertura florestal e em diferentes interfaces agrícolas na Mata Atlântica do Brasil, para testar se a estrutura da paisagem afeta o spillover e a dissimilaridade de assembleias de aves nas bordas. Nossos resultados indicam um spillover inverso (i.e. aves se movimentando da matriz para o interior dos fragmentos florestais) em paisagens altamente desmatadas e que o tipo de interface (i.e. matriz adjacente) é um fator chave para o spillover: uma intensificação do processo se deu em matrizes menos contrastantes (i.e. café), enquanto o movimento é mais ocasional em matrizes altamente contrastantes (i.e. pastagens). Por fim, encontramos uma interação entre o tipo de interface com a cobertura florestal e o tamanho dos fragmentos. Evidenciamos um incremento do spillover com o aumento da cobertura florestal em matrizes pouco contrastantes, assim como um aumento do spillover em fragmentos maiores nas matrizes de menor contraste, o que pode indicar que estas áreas atuam como fonte de indivíduos em matrizes menos contrastantes (mais indivíduos saindo para os cafezais quando os fragmentos são grandes). A dissimilaridade entre o spillover para dentro ou para fora dos fragmentos foi menor nas interfaces de café, demonstrando um movimento mais regular, enquanto nas matrizes de pastagem foi detectada uma maior dissimilaridade, demonstrando que o spillover é um evento mais raro nessa matriz. Finalmente, no terceiro capitulo exploramos como a estrutura da paisagem modula a direcionalidade do spillover temporal. Nossos resultados indicam diferentes padrões de spillover temporal de acordo com o tipo de matriz. De uma forma geral, o padrão de atividade é bimodal, ocorrendo principalmente de manhã e à tarde. Nas interfaces de café as aves saem dos fragmentos de manhã, provavelmente para forragear nos cafezais, e retornam ao fim do dia, provavelmente para se refugiar nos fragmentos. Por outro lado, nas interfaces de pastagem, o padrão geral é de um movimento mais constante de entrada e saída ao longo de todo o dia, com predomínio de entrada nos fragmentos, independente da hora do dia. Nossos resultados ressaltam que a estrutura da paisagem afeta o spillover temporal das aves, sendo que em particular nas matrizes mais permeáveis as aves conseguem explorar os recursos na matriz durante um período de tempo mais longo, contrario ao que acontece em matrizes mais hostis como as pastagens. Em geral, nossos resultados sugerem que o spillover de aves em paisagens agrícolas depende da estrutura da paisagem e isto deve ser levado em conta na hora de planejar paisagens agrícolas a fim de assegurar a provisão de serviços ecossistêmicos. |