Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Ramos, Karina Ninni |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/106/106133/tde-03092021-132723/
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Resumo: |
O tema deste trabalho está centrado em um projeto que provavelmente representa a primeira tentativa do Brasil de importar gás natural liquefeito (GNL): um projeto elaborado pela Comgás no início dos anos 1970. Na ocasião, a Comgás, assessorada por consultores e empreiteiros, elaborou um Plano de Expansão para trazer gás natural ao país. Operava, até aquela data, oferecendo gás manufaturado a partir da nafta fornecida pela Petrobras. Vinculados a esse Plano de Expansão, a Comgás realizou diversos estudos de viabilidade com propostas de importação de gás natural. Considerou estratégias de importação continental (de países vizinhos como Bolívia e Venezuela), bem como proveniente do outro lado do Atlântico, na forma liquefeita (GNL), de novos fornecedores que se constituíam na África Ocidental (Argélia e Nigéria). Esse mesmo plano também propôs vários acordos de fornecimento exclusivo de gás a várias prefeituras de municípios vizinhos às novas instalações. Essa iniciativa teria antecipado seu processo de expansão, transformando a empresa em uma distribuidora de gás natural em escala estadual (eventualmente até regional). Naquela época, o comércio internacional de GNL ainda era uma atividade embrionária, com poucos fornecedores e terminais de recebimento em todo o mundo. O Plano de Expansão da Comgás previa a construção de um terminal receptor de GNL no litoral de São Paulo. A empresa até adquiriu o terreno necessário na cidade de São Sebastião, onde planejava erguer a nova infraestrutura. Organizou um concurso internacional para a compra de tanques criogênicos e outros equipamentos antes de abortar o projeto em 1975, já sob a gestão de um novo prefeito na cidade de São Paulo, Olavo Setúbal. Muito se especulou, na época e por alguns anos, sobre os motivos do cancelamento dessa iniciativa. O fato acabou esquecido na história. Esta pesquisa buscou recuperar os elementos históricos essenciais desse projeto marcante por meio de análise documental e entrevistas com pessoas envolvidas no processo. O objetivo foi relatar e contextualizar essa (ousada) iniciativa da Comgás. A tese descreve como fatos significativos parecem ter se desdobrado e as razões aparentes por trás das principais decisões tomadas, com base em documentos de época, entrevistas e artigos de jornais diários. Finalmente, de uma perspectiva contemporânea (embora meramente especulativa), a autora procurou transferir essa iniciativa dos anos 1970 para os nossos atuais dias de início de século 21. O mercado mundial de GNL caminha rapidamente para a maturidade, gerando novas oportunidades de expansão para a indústria de gás natural mundial e brasileira. Sob essa leitura, só se pode lamentar a chance perdida de um certo pioneirismo. A construção do terminal de recepção de GNL da Comgás provavelmente teria levado o gás natural a ocupar uma posição muito mais proeminente no Brasil. O GNL teria ajudado o país a enfrentar as crises de energia dos anos 1970 (e 1980) e o atual processo de transição energética brasileira em direção a uma economia e sociedade de baixo carbono. |