O falar paulist[ɐ̃:]no e os significados sociais de (AN): correlações entre origem do ouvinte e percepção

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Barcellos, Maria Eugênia Martins
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-03062021-140937/
Resumo: Esta dissertação de mestrado investiga os significados sociais associados a /a/ nasalizado (AN) e se a origem dos ouvintes tem efeito na percepção sociolinguística dessa variável. Interessa verificar se ouvintes paulistanos e não paulistanos (do interior e de fora do estado de São Paulo) associam, do mesmo modo, (AN) a noções como inteligência, formalidade, escolaridade, sucesso profissional, classe social, localização do bairro, amigabilidade, masculinidade e feminilidade e outras características sociais. A variante alongada é aqui referida como \"tipicamente paulistana\", em contraposição ao seu par, a variante não alongada. Para atingir seus objetivos, esta pesquisa embasou-se nos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista (Labov, 2006[1966]; 2001; 2008[1972]; Eckert, 2008; 2012). Primeiramente, conduziram-se entrevistas metalinguísticas, no intuito de eliciar reações espontâneas a estímulos com a variante alongada. As análises evidenciaram divergências nas respostas dos 27 ouvintes paulistanos e 23 não paulistanos. Em seguida, aplicou-se um experimento de percepção, com disfarces gravados por quatro falantes paulistanos (dois homens e duas mulheres) que foram organizados de acordo com a técnica matched-guise (Lambert et al., 1960; Campbell-Kibler, 2006; 2009). Os disfarces constituem-se de sentenças com duas ocorrências de uma das variantes de (AN) e cujo tema é \"infância\". As análises de regressão logística (R Core Team, 2019) mostram que a (AN) não tem efeito na percepção de nenhuma variável quantitativa nas respostas dos 70 ouvintes paulistanos, mas teve efeito na percepção da variável nominal \"branca\" (etnia). Já nas respostas dos 53 ouvintes não paulistanos, (AN) tem efeito na percepção de 8 das 10 escalas quantitativas: os falantes soam mais inteligentes, amigáveis, paulistanos, bem sucedidos profissionalmente, de classe média alta, residentes de bairros mais centrais da cidade de São Paulo, mais masculinos e menos femininos quando ouvidos em seus disfarces com a variante alongada. Ainda para esse grupo de ouvintes e para essa variante, os falantes são significativamente associados a um adulto por volta dos 20 anos e conservador. Ao estudar a percepção de uma variável linguística, cuja produção ainda não foi analisada, esta pesquisa mostra que há outras maneiras de se trabalhar o lado social da variação sociolinguística e que a origem do ouvinte pode ser determinante para os estudos de percepção sobre o falar específico de determinada região.