Marcadores periféricos de metabolismo de membrana: caracterização de indivíduos com alto risco para psicose

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Costa, Alana Caroline
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-14092023-143128/
Resumo: Os transtornos psicóticos podem afetar até 3,5% da população geral e tendem a ser crônicos e incapacitantes. Mesmo antes de apresentar um quadro de psicose franca, indivíduos apresentam alterações comportamentais. Com base nisso, foram criados critérios para identificação de pacientes denominados de Ultra-high risk (UHR) para psicose. No entanto, as pesquisas demonstram que as taxas de conversão para psicose franca variam amplamente e um grande esforço tem sido realizado para tornar tais critérios mais específicos e acurados. Alterações no metabolismo de membrana e composição lipídica vêm sendo amplamente descritas em transtornos psicóticos e podem ser uma ferramenta importante para melhor caracterização desses indivíduos. As fosfolipases são responsáveis pela remodelação da membrana plasmática, um importante processo fisiológico para manutenção da fluidez e conformação dessa estrutura celular. Estudos com pacientes com esquizofrenia indicam aumento da atividade da fosfolipase A2 (PLA2), bem como reduções de fosfolípides de membrana, aumento de seus metabólitos e alteração na fluidez da membrana. A PLA2 é a principal enzima responsável pelo metabolismo dos fosfolípides de membrana e trata-se de uma imensa família de enzimas divididas em três subgrupos: iPLA2, cPLA2 e sPLA2. Além desta, a fosfolipase D (PLD) também está envolvida em processos biológicos de regulação da membrana plasmática. Nosso grupo de pesquisa já descreveu que a PLA2 e o nível de metabólitos plasmáticos podem discriminar algumas doenças neuropsiquiátricas entre si. Em 2018 sugerimos um painel de quatro metabólitos plasmáticos PC aa C26:0, PC aa C38:4, PC aa C34:3 e C16-OH - baseado no modelo de classificação e regressão, capaz de prever, entre indivíduos em primeiro surto psicótico, quais evoluiriam para esquizofrenia ou transtorno bipolar com acurácia de 87,1%. O principal objetivo do presente trabalho foi quantificar estes metabólitos em indivíduos UHR e verificar se o perfil é similar aos pacientes com esquizofrenia, uma vez que indivíduos UHR estariam em fase prodrômica de psicose, além de quantificar a atividade da PLA2 plaquetária e PLD leucocitária. Os metabólitos plasmáticos foram quantificados por espectrometria de massas, a atividade de PLA2 por ensaio radioenzimático e a atividade de PLD por ensaio de fluorescência. Observamos aumento da atividade de iPLA2, cPLA2 e PLD em indivíduos UHR vs controles saudáveis, todavia não observamos diferenças naqueles que não converteram. Esse achado negativo, apesar de ser em uma amostra pequena, não respalda a hipótese de que os metabólitos podem ser preditores da conversão da psicose. Os metabólitos plasmáticos seguiram o perfil estabelecido pelo modelo de regressão proposto em 2018, no entanto, quando avaliados individualmente, a quantificação absoluta não apresentou a mesma ordem de grandeza estabelecida previamente. Os resultados são promissores e estão em linha com a hipótese de que há um desequilíbrio no metabolismo e composição de membrana que antecede os sintomas clínicos e isto pode ser visualizado em matrizes biológicas periféricas. Espera-se que estes achados possam complementar o diagnóstico clínico, fornecendo biomarcadores objetivos e padronizados para melhor caracterizar indivíduos em alto risco para psicose