Desgaste mental do prefessor da rede pública de ensino: trabalho sem sentidosob a política de regularizaçãode fluxo escolar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Paparelli, Renata
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-07122009-145916/
Resumo: O desgaste mental dos professores da rede pública de ensino representa um grave problema nos tempos atuais. Partindo da perspectiva da Saúde do Trabalhador, procuramos identificar a participação da escola na produção desse problema, considerando o lugar ideológico de justificação das desigualdades sociais ocupado por essa instituição na sociedade de classes, as questões de exclusão escolar tais como se configuram no interior das políticas educacionais atuais (programas de regularização de fluxo escolar) e a natureza do trabalho docente, cuja lógica é avessa à organização do trabalho produtor de mercadorias. Desse modo, buscamos responder as seguintes perguntas: quais são os principais determinantes do desgaste mental de professores de ensino fundamental nas escolas públicas hoje? Como eles aparecem na vivência dos professores? Que formas de enfrentamento e de resistência estão sendo engendradas pelos trabalhadores? Para respondê-las, entrevistamos professoras de uma escola da rede municipal de ensino paulistana, que viviam diferentes situações de trabalho: readaptada, afastada por problemas mentais e atuante em sala de aula. Desde a invasão da escola por uma lógica neoliberal produtivista, materializada pelos programas de regularização de fluxo escolar implantados a partir dos anos 1990, o trabalho docente vem passando por reestruturações que vão na direção de sua intensificação, da ampliação dos tipos de tarefas, da sua desqualificação e da precarização das relações de emprego, consolidando-se a desvalorização do trabalho educativo. A pesquisa constatou que, em uma escola norteada pela seriação, os ciclos de aprendizagem pioram as condições de trabalho no magistério, na medida em que o impedimento à ação de reprovar os alunos implica em perda do controle docente, em aumento da indisciplina e do desinteresse do alunado por uma escola cujo objetivo tornou-se basicamente credencialista. Sob essas condições, os alunos que até os anos 1980 viviam a exclusão da escola, agora nela permanecem, mas sem aprender, vivendo a exclusão na escola. As inúmeras tentativas docentes de reverter esse quadro acabam, freqüentemente, transformando-se em estratégias para minimizar o desgaste no trabalho, sendo concretizadas em ações que representam uma espécie de renúncia ao papel de educador. Essa desistência de educar significa, ao mesmo tempo, uma renúncia ao sentido do trabalho docente, que, desse modo, passa a gerar intenso desgaste mental.