Riscos na usina química: os acidentes e a contaminação nas representações dos trabalhadores.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2001
Autor(a) principal: Bernardo, Marcia Hespanhol
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-30112001-105056/
Resumo: A questão dos riscos no trabalho tem ocupado um grande espaço nas discussões a respeito da saúde e segurança dos trabalhadores, sendo abordado por uma diversidade de enfoques teóricos, alguns essencialmente tecnicistas e outros que adotam uma perspectiva que privilegia os aspectos sociais. Cada um desses enfoques atribui uma importância diferente para a posição dos trabalhadores em relação aos riscos, mas, em ambos, os acidentes ocupam lugar de destaque em detrimento do adoecimento no trabalho. A presente pesquisa teve por objetivo investigar as representações dos trabalhadores a respeito dos riscos a que eles estão expostos na sua atividade profissional a partir da perspectiva sociológica de Bourdieu e da Teoria das Representações Sociais de Moscovici. Buscou-se comparar as representações dos riscos mais evidentes, como os de acidentes, com aqueles menos identificáveis pelo olhar leigo, como, por exemplo, a contaminação por produtos químicos. Para tal, optou-se por um estudo de caso de orientação etnográfica em uma única empresa - uma usina química de grande porte com uma estrutura organizacional complexa - cuja atividade se caracterizava pela presença de diferentes tipos de risco. A diversidade encontrada permitiu cotejar as representações dos diferentes grupos sociais presentes no local com relação aos distintos tipos de risco. Verificou-se, assim, que o acesso às informações técnicas (que depende da posição ocupada pelo trabalhador na estrutura da empresa) e a forma como se estabelecem as relações entre a empresa e os trabalhadores (que está diretamente vinculada à organização do trabalho) foram os fatores mais relevantes na construção das representações. A composição desses dois aspectos fez com que algumas representações fossem bastante próximas do discurso oficial da empresa, enquanto outras foram completamente diferentes. E estas últimas costumavam ser identificadas pela equipe técnico-gerencial da empresa como uma visão errônea dos trabalhadores. Conclui-se que uma verdadeira política de segurança, que inclua um enfoque de ‘análise de risco’ mais completo e efetivo do que o tradicional, que adota somente a perspectiva técnica como verdade, tem de estabelecer espaços realmente participativos, onde, além de possibilitar aos trabalhadores o acesso às informações técnicas normalmente capitalizadas pelos engenheiros, também favoreça a expressão das representações desses trabalhadores a respeito dos riscos.