Aspectos da distribuição da renda no Brasil em 1970

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1971
Autor(a) principal: Duarte, João Carlos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/0/tde-20240301-151502/
Resumo: Neste trabalho utilizamos, basicamente, os dados contidos nas Tabulações Avançadas do Censo Demográfico de 1970 (Fundação IBGE, 1971), que consistem do número de pessoas por estrato de renda. Para estimar as rendas totais dos estratos, utilizamos a equação de Pareto com três parâmetros. Foram calculados os índices de Gini, P (uma modificação do índice de Gini), de Theil e a redundância das distribuições de renda dos setores primário, secundário, terciário e urbano (composto dos 2 anteriores) das regiões Norte, Nordeste, Leste, Sul e Centro-Oeste e do conjunto do País. Para avaliação da evolução do perfil da distribuição da renda recorremos aos resultados obtidos por Hoffmann (1971), com o uso da mesma metodologia, para o ano de 1960. De 1960 a 1970 reforçaram-se as características principais do padrão de distribuição da renda, no Brasil. A concentração na cúpula da distribuição intensificou-se. Os 5% detentores das rendas mais altas tiveram aumentada sua participação porcentual na renda total, o que correspondeu a uma diminuição da participação de quase todo o restante da população na renda gerada no sistema. Os índices de concentração da renda elevaram-se em quase todos os setores e regiões. O processo de concentração da renda parece ter-se dado com maior intensidade no setor urbano que no primário. O índice P elevou-se de 0,504 a 0,594 no conjunto do país, de 0,436 a 0,497, no setor primário, e de 0,476 a 0,568, no setor urbano. Na região Sul, a mais industrializada, o mesmo índice passou de 0,399 a 0,551, o que em grande parte se explica pela manutenção de certas características do processo de industrialização em andamento: o uso de técnicas capital-intensivas nos setores dinâmicos da indústria, a desorganização do mercado de trabalho, a intensificação da migração rural-urbana. A existência, que daí decorre, de excedentes de mão-de-obra permite que os frutos do aumento da produtividade do sistema sejam, em sua maior parte, retidos em mãos dos empresários e das cúpulas gerenciais. Os ajustes salariais, realizando-se abaixo dos índices de crescimento do custo de vida, reforçaram o processo de concentração da renda. O perfil da distribuição que se delineia no momento é o que se segue: 50% da população recebem 13,7% da renda total, os 30% seguintes recebem 23,1% da renda; os 15% sob a cúpula retém 27% da renda e os 5% de rendimentos mais altos apropriam-se de 36% do total da renda. A essa configuração do padrão de distribuição têm correspondido desempenhos diferentes dos diversos ramos da indústria. Os setores dinâmicos (ou modernos) tiveram seus índices de crescimento do produto real significativamente aumentados, enquanto aqueles produtores de bens de consumo de massa apresentaram taxas de crescimento abaixo da taxa de crescimento populacional.