'Gente, olha, é a minha amiga': migração e interculturalidade entre crianças bolivianas e brasileiras na educação infantil paulistana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Pereira, Artur Oriel
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8161/tde-16122024-151414/
Resumo: A presente tese de doutorado é resultado de uma pesquisa qualitativa realizada com uma turma de crianças bolivianas e brasileiras com quatro anos de idade numa Escola Municipal de Educação Infantil, fazendo o uso do registro do diário de bordo do professor-pesquisador com ações interculturais entre criança-criança, adulto-criança, adulto-adulto, de desenhos das crianças, entrevista estruturada com professoras, bem como da observação participante. Esta pesquisa tem como objetivo compreender os processos de subjetivação mobilizados pelas experiências decorrentes das construções de amizades entre crianças migrantes internacionais e brasileiras, bem como analisar estratégias articuladas por elas para vivenciarem a infância no espaço educativo. Busca-se contribuir com os estudos referentes à migração internacional na infância, à educação das crianças desde bebês e às políticas públicas da população migrante. Por meio de uma abordagem interdisciplinar, o referencial teórico apoia-se nos Estudos Sociais da Infância em interlocução com os estudos migratórios manejados na transversalidade entre diversas áreas do conhecimento, de forma a aproximar-se do ponto de vista das crianças aqui tomadas como atrizes sociais ativas. A análise revelou que existe uma tendência de parcialidade na abordagem a partir das crianças em processos migratórios internacionais e a ausência de intersecções com áreas que aprofundam em estudos sobre a infância no Brasil. A presença crescente da população migrante internacional predominante do Sul Global na escola pública paulistana tensiona as bases de um sistema educativo monolíngue, assim como provoca, a partir de uma perspectiva intercultural, mudanças para o currículo e para a formação continuada de profissionais da educação. Também foi identificado que as amizades constituem-se como aspecto representativo das diferenças nas experiências de meninas e meninos de diversas nacionalidades no interior das culturas infantis. As crianças bolivianas e brasileiras juntas potencializavam a transgressão da estrutura adultocêntrica da sociedade, construíam arranjos linguísticos, corporais, afetivos para relações étnico-raciais e de gênero, percepções sobre o fenômeno da migração e refúgio na infância vivida em tempos pandêmicos e de resistência contra a barbárie