Aspectos diagnósticos e terapêuticos em pacientes com urticária crônica em Centro de Referência e Excelência em Urticária (UCARE)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Sella, Juliana Augusta
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-29062023-132929/
Resumo: Introdução: A urticária crônica (UC) é uma doença com alta morbidade, que leva a grande prejuízo da qualidade de vida. Existem vários estudos demonstrando a prevalência dos subtipos de UC, e o tratamento desta doença é muito bem definido por consenso internacional. Entretanto, existem poucos estudos descrevendo as características clínicas e tratamento de pacientes com UC em nosso meio. Objetivo: O presente estudo teve como objetivo analisar pacientes com UC que estão em seguimento no Centro de Referência e Excelência em Urticária (UCARE) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, a fim de correlacionar características clínicas, gravidade e eficácia de diferentes tipos de tratamento. Pacientes e Métodos: Trata-se de estudo retrospectivo, conduzido entre os anos 2011 e 2018, que avaliou prontuários de 459 pacientes com diagnóstico clínico de UC, incluindo urticária crônica espontânea (UCE), urticária crônica induzida (UCInd), ou ambas. Foram coletados dados demográficos, clínicos e laboratoriais e resultados de teste cutâneo do soro autólogo (TSA), testes cutâneos de hipersensibilidade imediata, e testes de provocação para UCInd, quando indicados. Foram considerados parâmetros de autoimunidade: TSA, anticorpos antitireoide (AAT) (anti-TPO, anti-TG) e/ou anticorpo antinuclear (FAN) positivo. Resultados: A frequência de pacientes com UCE isolada foi de 62,7%; UCE associada à UCInd 27,4%; e UCInd isolada 9,8%. Pacientes com UCInd apresentaram tempo de doença significantemente mais longo, e a presença do angioedema foi significantemente mais frequente em pacientes com UCE com ou sem UCInd. O subtipo mais frequente de UCInd foi o dermografismo, e alguns pacientes apresentaram mais de um subtipo de UCInd. Duzentos pacientes (43,8%) apresentaram comorbidades, incluindo 14,7% com doenças autoimunes. Presença de pelo menos um parâmetro de autoimunidade ocorreu em 41,5 % dos pacientes, sendo o TSA o parâmetro com maior positividade (44,3%), particularmente em pacientes com UCE com ou sem UCInd. Infecções e neoplasias como possíveis causas de UC foram encontradas em menos que 1% dos pacientes. Valores de Dímero D tiveram média significantemente mais elevada em pacientes com UCE. Pacientes com UCE associada à UCInd apresentaram maior necessidade do uso de anti-histamínico (AH) em dose quadruplicada, e também de uso de corticosteroide oral por mais de 15 dias ou de imunossupressor. Utilizando critérios usados com facilidade na prática clínica, propostos no presente estudo, que incluíram presença de doenças alérgicas ou autoimunes, IgE total, AAT e TSA, foi possível atribuir endótipos de UC como Tipo I (autoalérgica), Tipo IIb (autoimune), sobreposição Tipo I e Tipo IIb, e não-Tipo I ou Tipo IIb, em 42,3%, 5,7%, 37,2% e 9,8% dos pacientes, respectivamente. Quarenta e dois pacientes não tiveram controle com o uso de AH em dose quadruplicada e tiveram indicação de terapia anti-IgE com omalizumabe. Desses, 30 (71,4%) apresentaram resposta em até quatro semanas de tratamento, e um não apresentou resposta. Níveis elevados de Dímero D foram encontrados em frequência significantemente menor; e uso de corticosteroide oral por mais de 15 dias ou imunossupressores em frequência maior, no grupo que recebeu omalizumabe. A melhora clínica foi associada à melhora marcante dos escores dos PROMs (Patient-reported Outcome Measures) UAS7, UCT e CU-QoL pós-tratamento quando comparados a valores pré-tratamento. Conclusões: Aspectos de autoimunidade foram frequentes em pacientes com UC, e terapia com omalizumabe foi eficaz no controle dos sintomas em pacientes com UC, como descrito na literatura. Os resultados indicaram que necessidade de dose quadruplicada de AH de segunda geração foi marcador importante de gravidade dos sintomas, e que o uso de PROMs foi útil para avaliar a eficácia do tratamento de pacientes com UC com omalizumabe.