Revisão filogenética de Alligatoroidea (Crocodylia) e revisão taxonômica das espécies do clado Caimaninae

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Cidade, Giovanne Mendes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59139/tde-11122019-124833/
Resumo: Crocodylia é o grupo-coronal que une o ancestral comum mais recente de todos os crocodilomorfos atuais e todos os seus descendentes. Este é dividido, principalmente, em três clados: Crocodyloidea, Gavialoidea e Alligatoroidea. Este último clado possui uma grande diversidade taxonômica de espécies fósseis, e embora muitas análises filogenéticas já tenham sido feitas para Alligatoroidea, quase todas as análises nas últimas duas décadas foram feitas a partir de um único conjunto de dados (Brochu, 1997a, 1999), o qual nunca foi revisado de maneira abrangente apesar do fato de que um número de caracteres já tenham sido propostos em outros estudos e muitos táxons fósseis foram criados ou revisados. Este estudo realizou a revisão mais abrangente dos conjuntos de dados filogenéticos referentes ao clado Alligatoroidea. Dez novos caracteres são propostos e muitos caracteres previamente propostos foram modificados, com muitos novos estados sendo criados e outros tendo suas redações modificadas. Adicionalmente, várias codificações de caracteres propostos previamente foram modificadas. Como tal, este estudo apresenta o maior conjunto de dados já reunido para Alligatoroidea, consistindo em 183 caracteres e 58 táxons de Alligatoroidea, além de 38 táxons como grupos externos. Os resultados da análise filogenética mostram Leidyosuchus e Diplocynodon como os aligatoroideos mais basais. Estes são seguidos pelo clado Globidonta, o qual é constituído pelo asiático Krabisuchus e pelo europeu Arambourgia como táxons-irmãos sucessivos a Alligatoridae. Este clado por sua vez é formado por uma politomia de três linhagens: o predominantemente norte-americano Alligatorinae, o predominantemente sul-americano Caimaninae, e o centro-americano Culebrasuchus. No que diz respeito à evolução dos ecomorfótipos em Alligatoroidea, esta análise indica que o ecomorfótipo durófago pode ter surgido até cinco vezes durante a história evolutiva do clado, embora a análise mostre que a maioria dos táxons durófagos se concentra em dois clados: Brachychampsidae (Alligatorinae) e Globidentosuchidae (Caimaninae). Esta análise reforça sugestões prévias sobre a evolução do ecomorfótipo de predador de grande de tamanho de Purussaurus ao mostrá-lo como próximo de Caiman, sugerindo que o gigantismo em Purussaurus evoluiu a partir de um caimaníneo generalista de pequeno a médio porte. Sobre o ecomorfótipo \"gulp-feeder\" de Mourasuchus mais pesquisas são necessárias, mas esta análise é mais congruente com sugestões prévias de que este evoluiu a partir de um hábito durófago. Uma análise biogeográfica de Alligatoroidea revela várias perspectivas ix relevantes. América do Norte e Europa são considerados locais de origem igualmente parcimoniosos para Alligatoroidea; porém, a origem de Caimaninae é ainda mais parcimoniosamente vista como uma dispersão vinda da América do Norte entre o Cretáceo Superior e o Paleoceno. Uma dispersão da Europa para a Ásia é o cenário mais provável envolvendo Krabisuchus. Dispersões a partir de América do Norte, ao longo do Cenozoico, em direção à Ásia e à Europa também se mostram como cenários com grande probabilidade. A topologia de Caimaninae sugere uma dispersão \"de volta\" à América do Norte já durante o Cretáceo Superior para explicar as ocorrências de Bottosaurus e Tsoabichi, embora a possibilidade de que estes dois táxons sejam descendentes de uma população remanescente de caimaníneos também possa ser cogitada. Protoalligator como um caimaníneo traz a possibilidade de uma dispersão da América do Sul em direção à Ásia, mas um cenário mais parcimonioso é uma dispersão de América do Norte em direção à Ásia. Sobre os táxons centro-americanos, Culebrasuchus pode ser o resultado de uma dispersão vinda ou da América do Norte ou da América do Sul, enquanto Centenariosuchus é visto como o resultado de uma dispersão vinda da América do Sul. Adicionalmente, a revisão taxonômica de nove espécies e dois gêneros (Melanosuchus e Purussaurus) são realizadas, enquanto a análise filogenética também aponta a outras perspectivas de revisão taxonômica que devem ser examinadas em estudos posteriores.