Estudo da reabertura do período sensível de suscetibilidade ao estresse pela degradação das redes perineuronais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Colodete, Débora Akemi Endo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17133/tde-06022024-101938/
Resumo: Alguns transtornos psiquiátricos, como a esquizofrenia, transtornos de ansiedade e depressão, podem se manifestar no final da adolescência e/ou início da idade adulta, momento em que o organismo se encontra altamente vulnerável a fatores socioambientais. O impacto desses fatores aparenta ser mais pronunciado durante períodos sensíveis do desenvolvimento, como a infância e adolescência, períodos estes nos quais os interneurônios GABAérgicos parvalbumina-positivos não estão em seu estado \"maduro\". O estresse nesses períodos pode causar a perda funcional de interneurônios PV no hipocampo ventral (vHip), o que vem sendo evidenciado nesses transtornos. Esse período de vulnerabilidade ocorre até o fechamento do período sensível de desenvolvimento, no qual um dos mecanismos propostos é o aparecimento de redes perineuronais (PNNs) ao redor dos interneurônios PV. Portanto, durante a adolescência, quando as PNNs não estão completamente formadas, o estresse poderia afetar os interneurônios PV. Se esta hipótese estiver correta, pode-se prever que a reabertura do período sensível na idade adulta recrie um fenótipo tipo-adolescente de suscetibilidade ao estresse. Dessa forma, o objetivo desse projeto foi avaliar se a degradação das PNNs no vHip de animais adultos, através da infusão da enzima condroitinase (ChABC), aumentaria o impacto do estresse nos interneurônios PV, reforçando a ideia de que eles são mais suscetíveis em períodos de maior plasticidade. Ratos Sprague-Dawley adolescentes (dias pós-natal 31-40) e adultos (dias pós-natal 61-70) foram expostos a uma combinação de estressores [choque nas patas por 10 dias e três sessões de estresse de restrição por 1 hora (dias 1, 2 e 10). Entre 3-4 semanas após o estresse, os animais foram submetidos a testes comportamentais para avaliar comportamentos relacionados a ansiedade (labirinto em cruz elevado e caixa claro-escuro), sociabilidade (teste de interação social), função cognitiva (teste de reconhecimento de objetos) e responsividade ao MK-801 (hiperlocomoção induzida por MK-801). A atividade eletrofisiológica in vivo dos neurônios dopaminérgicos na Área Tegmental Ventral (ATV) também foi registrada. Para degradar as PNNs, ratos adultos receberam infusão bilateral de Condroitinase ABC (ChABC) no vHip (PD56-58). Após uma semana de recuperação, foram submetidos ao mesmo protocolo de exposição ao estresse, testes comportamentais e eletrofisiológicos. Ao contrário da vida adulta, a exposição ao estresse na adolescência causou comportamentos tipo-ansiosos, prejuízos cognitivos e de sociabilidade, além de um estado hiperdopaminérgico na ATV, semelhante ao visto na esquizofrenia. A infusão de ChABC reduziu as células PNN+ e PV+/PNN+ no vHip. Animais que receberam ChABC intra-vHip e foram submetidos ao estresse na vida adulta apresentaram as mesmas alterações encontradas após o estresse na adolescência. Nossos resultados indicam que a degradação das PNNs no vHip em animais adultos recria um fenótipo tipo adolescente de suscetibilidade ao estresse. Compreender o papel das PNNs na proteção dos interneurônios PV contra o estresse pode ajudar no desenvolvimento de estratégias para melhorar a disfunção desses interneurônios e prevenir o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos.