Dificuldades de alunos ingressantes na universidade pública: alguns indicadores para reflexões sobre a docência universitária

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Belletati, Valéria Cordeiro Fernandes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-04082011-115006/
Resumo: A elitização da universidade pública brasileira é a preocupação central desta investigação. Com os programas de inclusão social, tem-se possibilitado maior representatividade de alunos em condições socioeconômicas desfavoráveis nestas instituições. Na Universidade de São Paulo USP, locus escolhido para esta pesquisa, o Programa de Inclusão Social INCLUSP, desde 2007, tem favorecido a entrada de alunos que cursaram todo o ensino médio em escolas públicas, majoritariamente constituída por alunos em condições menos favorecidas da sociedade brasileira. Teve-se como objetivo trazer elementos que possibilitassem pensar a docência universitária no sentido de favorecer trajetórias acadêmicas de sucesso destes alunos, entendidas como possibilidade de formação profissional, científica e política, função que atribuímos à universidade pública, que se entende concretizar-se na promoção do ensino profissional indissociado da pesquisa e da extensão. Para tanto, realizou-se a coleta de dados por meio de dois questionários abertos, respondidos por escrito pelos sujeitos, em momentos diversos. Com o primeiro questionário buscou-se identificar dificuldades de alunos ingressantes que cursaram todo o ensino médio comum em escolas públicas. Na segunda etapa, intentou-se perceber a permanência ou não das dificuldades apontadas no ano seguinte ao ingresso e a forma como os sujeitos lidavam com estas dificuldades. A coleta de dados ocorreu em três cursos da USP que apresentaram maiores índices de evasão de alunos que cursaram o ensino médio comum público, entendida como uma forma de exclusão. Foram identificadas como principais dificuldades acadêmicas, que se constituem em entraves a uma trajetória de sucesso: a exiguidade do tempo e sua má gestão; a opção por uma abordagem superficial de aprendizagem; a quantidade e complexidade dos conteúdos; o desânimo frente a situações de insucesso; dificuldades de convivência acadêmica. A partir do estudo foi possível apontar como demandas à docência a necessidade de reflexões sobre a função social da universidade e sobre a baixa representatividade de alunos em condições socioeconômicas desfavoráveis, especialmente, nos cursos mais prestigiados; identificar e refletir sobre as dificuldades dos ingressantes, tendo-se em conta a diversidade entre os cursos e entre os sujeitos-alunos; considerar aspectos relativos à gestão do tempo como conteúdos de ensino, versando sobre o como e o que estudar e aprender considerando que estes se encontram em processo de afiliação e de construção de novas formas de se relacionar com o saber; de repensar sobre as funções das atividades avaliativas, a organização do currículo e de atividades de aprendizagem e, a importância do professor criar possibilidades ou atividades que favoreçam a convivência acadêmica, contribuindo para integração e afiliação do ingressante. Tais demandas indicariam a necessidade de uma formação contínua de professores universitários, especialmente pela exigência de pouca ou nenhuma formação pedagógica para a docência neste nível de ensino, no sentido da formação de docentes reflexivos no âmbito do conceito de desenvolvimento profissional docente, favorecendo a constituição de bases pedagógicas para que o professor tenha referências mais amplas para sustentar o trabalho de ensinar.