Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Goes Neto, Antonio Fernandes |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48137/tde-25052023-112229/
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Resumo: |
Esta pesquisa se dedicou à caracterização de práticas educacionais inovadoras na comunidade Cabari (Terra Indígena Médio Rio Negro II), fundada por famílias baniwa procedentesoriundas do médio rio Içana (Terra Indígena Alto Rio Negro). Ambas as terras indígenas estão localizadas no município amazonense de São Gabriel da Cachoeira. Foi confirmada a hipótese de que a presença baniwa e koripako no corpo docente, oriunda da territorialização, trouxe inovações que se opõem ao paradigma colonialista de escolarização, embora a Escola Municipal Indígena Aí Waturá e a Escola Indígena de Cabari ainda enfrentem o desafio posto pelas práticas colonialistas difundidas por diferentes propostas pedagógicas, tanto nos territórios originários quanto na nova região ocupada, transformada e, consequentemente, territorializada por tais famílias. Os procedimentos de obtenção de informação pertinente ao tratamento dessa hipótese se constituíram de etnografia de escolas registrada em cadernos de campo, transcrição de entrevistas e conversas informais, sendo complementadas pela revisão da documentação de etnografias prévias e dos estudos de história indígena e do indigenismo no Rio Negro. Os saberes aprendidos e utilizados no próprio território das serras do Cabari e sistematizados na educação escolar organizam e promovem a transformação dos recursos educacionais da Escola Indígena de Cabari, desde a extração de fibras e frutos e reciclagem de garrafas PET até a organização de autoformações e eventos esportivos na recém-construída Arena Rio Negro, que modificam paulatinamente o calendário da comunidade, até então restrito às Conferências Bíblicas e Santas Ceias. As iniciativas de sustentabilidade econômica, fortalecimento e reinvenção das identidades étnicas se influenciam mutuamente na educação escolar indígena. Além disso, alguns procedimentos do ensino escolar têm fortalecido as tradições orais e visuais e potencializado múltiplos letramentos, como no caso das dramatizações e trilhas nas turmas multisseriadas, na busca por referências visuais no ensino de Ciências e Matemática e nas formaturas do ensino fundamental, registrados em desenhos, livros de leitura nas línguas baniwa, koripako, ygatu e português, fotos, etnomapas, músicas e vídeos, conforme um calendário próprio. Longe de ser reduzida a um único sentido, como o de gerar projetos econômicos, adequar conteúdos a uma seriação ou revitalizar culturas tradicionais, a escolarização da comunidade ilustra processos mais amplos de territorialização do Médio Rio Negro II e de recursos educacionais, além de evidenciar uma amplitude de projetos mais articulados entre si e com participação gradativamente maior dos comunitários. Cabari avalia e toma as decisões sobre a sequência de sua escolarização, em oposição ao paradigma colonialista de escolarização. Faz isso discutindo o aperfeiçoamento de diferentes formas de aquisição e sistematização dos saberes aprendidos no território, associando-o ao debate metodológico e político-pedagógico sobre o que vem a ser um ensino de qualidade. |