Efeitos da deficiência anabólica hormonal e alterações neurovasculares no prognóstico de pacientes com insuficiência cardíaca

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Fonseca, Guilherme Wesley Peixoto da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-17062021-134818/
Resumo: INTRODUÇÃO: O impacto da deficiência anabólica hormonal na progressão da insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFEr) ainda é controverso, assim como sua interação com alterações neurovasculares. Adicionalmente, embora estas alterações possam levar cronicamente ao quadro de sarcopenia, definido pela perda de força, massa muscular e funcionalidade, a prevalência e os mecanismos específicos da sarcopenia em pacientes com ICFEr são desconhecidos, bem como o efeito da etiologia na composição corporal desses pacientes. OBJETIVOS: Avaliar o efeito da deficiência de hormônios anabólicos sexuais e alterações neurovasculares no prognóstico de pacientes com ICFEr, avaliar a prevalência de sarcopenia e obesidade sarcopênica, assim como o impacto do controle autonômico sobre a sarcopenia nesses pacientes e verificar se há diferença na composição corporal entre pacientes chagásicos com ICFEr e outras etiologias. MÉTODOS: Foram incluídos 169 pacientes com ICFEr (FEVE < 40%). As concentrações plasmáticas de testosterona livre (TL), estimada pela concentração de testosterona total e globulina ligadora de hormônios sexuais, peptídeo natriurético cerebral (BNP) e demais marcadores sanguíneos foram coletadas no período matutino após um jejum noturno de 12 horas. O consumo pico de oxigênio (VO2pico) foi avaliado pelo teste ergoespirométrico realizado em cicloergômetro com incremento progressivo de 5-10W por minuto. A densitometria computadorizada por absorciometria radiológica de dupla energia foi utilizada para mensurar a massa muscular e a massa gorda. A força muscular foi avaliada por um dinamômetro de preensão manual com a mão dominante na posição supinada e o cotovelo flexionado em 90º. A sarcopenia foi definida com base na redução de massa muscular e força de preensão manual. A atividade nervosa simpática muscular (MSNA) foi avaliada através da técnica de microneurografia e a atividade parassimpática pela frequência cardíaca de recuperação do primeiro (deltaHRR1) e segundo minuto (deltaHRR2) immediatamente após esforço máximo. O fluxo sanguíneo muscular do antebraço (FBF) foi medido pela pletismografia de oclusão venosa. RESULTADOS: Em análise multivariada do risco proporcional de Cox, BNP (OR, 3,597; 95% CI, 1,750-7,392; p < 0,001), TL<131 pmol/L (OR, 2,097; 95% CI, 1,009-4,357; p=0,047) e FBF (OR, 0,568; 95% CI, 0,273-1,184; p=0,031) foram preditores independentes de mortalidade, após ajuste para variáveis de confusão. O tempo de sobrevida foi menor em pacientes com TL < 131 pmol/L e FBF 1,85 mL/min-1/100mL-1 (p < 0,001) em comparação com seus pares com TL normal. A prevalência de sarcopenia foi similar entre pacientes \"magros\" (20,8%) e \"obesos\" (21,4%) quando índices que consideram a massa gorda foram utilizados, sendo que tais índices (Newman e Studenski) foram mais sensíveis para detectar sarcopenia em pacientes com índice de massa corporal >= 25 kg/m2. Adicionalmente, pacientes sarcopênicos apresentaram maior MSNA [47 (41-52) vs. 40 (34-48) disparos/min; p=0,028] com menor deltaHRR1 [15 (10-21) vs. 22 (16-30) batimentos/min; p < 0,001] e deltaHRR2 [25 (19-39) vs. 35 (24-48) batimentos/min, p=0,017] em comparação com pacientes não sarcopênicos, respectivamente. Pacientes com ICFEr de origem chagásica e isquêmica apresentaram menor massa gorda (16,3±8,1 vs. 19,3±8,0 vs. 27,6±9,4 kg; p < 0,05) e VO2pico (1,17±0,36 vs. 1,15±0,36 vs. 1,50±0,45 L/min; p < 0,05) do que pacientes com cardiomiopatia dilatada, respectivamente, enquanto pacientes chagásicos apresentaram menor força muscular (27±8 vs. 37±11 vs. 36±14 kg; p < 0,05) e FBF reduzido (1,84±0,54 vs. 2,75±0,76 vs. 3,42±1,21 mL/min-1/100mL-1; p < 0,01) em comparação com pacientes isquêmicos e com miocardiopatia dilatada, respectivamente. CONCLUSÕES: A redução da concentração plasmática de TL associada à diminuição de FBF mostrou ter valor prognóstico em pacientes com ICFEr. Estas alterações estão relacionadas com a progressão da doença e podem levar ao quadro de sarcopenia ou obesidade sarcopênica, que são comorbidades distintas, mas apresentam uma prevalência muito semelhante, em torno de 20%. O desbalanço autonômico exacerbado, evidenciado pelo aumento da MSNA e redução da reatividade vagal após o teste de esforço máximo em pacientes sarcopênicos, pode ser um dos mecanismos envolvidos no desenvolvimento de sarcopenia em pacientes com ICFEr. Ademais, pacientes de etiologia chagásica apresentam piora no FBF, menor força muscular e redução de massa gorda com uma tendência de diminuição da massa muscular, de forma mais precoce, em comparação com as etiologias isquêmica e não isquêmica