Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2004 |
Autor(a) principal: |
Lima, Ana Laura Godinho |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-06052021-154811/
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Resumo: |
Esta pesquisa busca responder às seguintes questões: Como se tornou possível pensar no aluno como alguém sujeito a problemas de desenvolvimento emocional, de conduta ou desajustamento social? Como se chegou a denominar certas crianças como sendo crianças-problema? Quais os meios recomendados pelos educadores e outros especialistas para prevenir o surgimento desses problemas e que recursos foram empregados na escola para identificar a criança-problema e corrigi-la? O trabalho procura demonstrar que, mais do que apenas excluir parte da população escolar, aquela considerada como irregular, o uso da expressão criança-problema nos discursos educacionais teve como efeito ampliar o controle dos especialistas sobre todas as crianças. Sustenta-se que a criança-problema serviu para tornar permeável a fronteira entre a normalidade e a anormalidade. Dessa maneira, por um lado passou-se a acreditar na possibilidade de prevenir e mesmo reverter certos quadros de anormalidade, recorrendo-se para isso a medidas educacionais, que deveriam ser postas em prática em conjunto pela escola e pela família. Por outro lado, todas as crianças começaram a ser consideradas como crianças-problema em potencial, já que diversas circunstâncias mais ou menos graves passaram a ser entendidas como fatores que poderiam desencadear problemas de ajustamento da criança à escola, desde o divórcio dos pais ou o nascimento de um irmão, até a entrada do aluno na puberdade, entre muitos outros. Os textos educacionais começaram a trazer recomendações para que as crianças fossem submetidas a um regime de observação contínua, em suas dimensões física, intelectual, emocional e moral. Assim, ao menor sinal de desvio, medidas corretivas poderiam ser iniciadas. A investigação baseia-se em escritos de Michel Foucault sobre a governamentalidade, as tecnologias do eu, o poder pastoral, o bio-poder e a disciplina e em textos de Jacques Donzelot sobre a emergência do espaço social e o governo por meio da família. Recorre-se ainda a textos de outros autores contemporâneos que empregam o referencial teórico de Foucault. Examinam-se artigos da literatura pedagógica sobre a psicologia experimental e os problemas infantis presentes na Revista de Educação e livros sobre as mesmas questões. Além disso, estudam-se documentos da legislação federal que tratam das medidas oficiais de proteção e assistência à infância desde a Primeira República até a década de 1960. |