Suporte básico de vida para leigos: um estudo quase experimental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Miraveti, Jocilene de Carvalho
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-30032017-193956/
Resumo: A parada cardiorrespiratória (PCR) é a principal causa de morte em países desenvolvidos e em desenvolvimentos, ocorrendo principalmente em ambientes extra hospitalares. Frente a esse panorama mundial considerado um problema de saúde pública atual, a capacitação de leigos no Suporte Básico de Vida (SBV) com uso da simulação clínica tem papel relevante para a melhoria das taxas de sobrevivência das vítimas de PCR. Estudo com objetivo de avaliar o conhecimento (teórico) e das habilidades (práticas) de leigos antes e após a sua participação no curso de SBV para leigos submetidos a estratégias de ensino-aprendizagem, aula expositivo-dialogada e atividade prática em laboratório de habilidades ou aula simulada no atendimento a PCR/RCP com SBV para leigos. Estudo com delineamento quase experimental, abordagem quantitativa com delineamento tempo-série. A população consistiu dos estudantes do primeiro ao quarto semestre de graduação da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal do Mato Grosso e a amostra de 104 estudantes que participaram do curso em SBV para leigos em duas etapas. Na etapa I todos os estudantes foram submetidos ao pré teste teórico, à aula expositivo-dialogada seguida de atividade prática em laboratório de habilidades com manequim de média fidelidade e uso do Desfibrilador Externo Automático (DEA), simulação clínica em laboratório utilizando o mesmo manequim e DEA e pós teste teórico imediato. A Etapa II ocorreu de 15 a 20 dias após a primeira e todos os estudantes foram submetidos à simulação clínica em laboratório utilizando o mesmo manequim de média fidelidade e DEA seguido de pós teste teórico mediato. Elaboraram-se os instrumentos de avaliação teórica, cenário de simulação e OSCE - avaliação clínica objetiva e estruturada no cenário de simulação com (checklist), validados em aparência e conteúdo por comitê de juízes. A estratégia de coleta de dados foi o curso de SBV para leigos. Foram avaliados as avaliações teóricas e OSCE (Exame Clínico Objetivo Estruturado) - avaliação clínica estruturada em Laboratório de Simulação, este último empregando como ferramenta o manequim de média-fidelidade e DEA. A atividade foi filmada e analisada por três avaliadores. Analisaram-se os desfechos nas etapas I e II do curso de SBV para leigos: desempenho teórico nos testes teóricos e práticos no OSCE, tempo de execução total e de cada domínio do OSCE e a qualidade das compressões torácicas externas (CTE) quanto a frequencia e profundidade em 120 segundos de reanimação cardiopulmonar (RCP). Resultados: 86 estudantes eram do sexo feminino e 18 do sexo masculino, a idade média 23,32±6,66 anos. No pré-teste a nota média foi de 3,52±2,03, e a mediana 3,0. No pós-teste imediato (pós 1) a nota média foi 8,01±1,19 (mediana 8,0) e no pós teste mediato (pós 2) foi de 7,41±2,68 (mediana 8,5). Comparando-se as médias obtidas no pré-teste, pós 1 e pós 2 há diferença estatisticamente significante (p<0,001) com retenção do conhecimento. Comparando as notas do pós 1 e pós 2 teóricos evidenciou diferença estatisticamente significante (p=0,019) com perda do conhecimento no pós 2. A média no OSCE na etapa I (pós 1) foi 3,63±0,30 e na etapa II (pós 2) de 3,63±0,31; comparou-se tais notas verificando-se que não há diferença estatisticamente significante (p=0,966). O tempo médio de execução do OSCE no pós 1 foi de 156,96±8,16s e no pós 2 foi de 138,68±43,58s, havendo diferença estatisticamente significante (p<0,001). O domínio de intervenção do OSCE \"Chegada em Cena\" apresentou média 20,78±6,20s no pós 1 e 16,46±4,56s no pós 2, o domínio \"Checar a responsividade\" média de 6,38±3,48s no pós 1 e 5,13±2,36s no pós 2, o domínio \"Usar o DEA\" média de 77,30±14,45s no pós 1 e 66,80±11,44s no pós 2, todos com diferença estatisticamente significante (p<0,001). Avaliando a qualidade das CTE a profundidade média atingida em milímetros (mm) apresentou média de 36,26±9,62 (mediana 35,00) no pós 1 e 39,36±10,96 (mediana 40,00) no pós 2. O nº de CTE média por minuto apresentou média de 116,01±21,72 (mediana 116,00) no pós 1 e 98,94±19,52 (mediana 100,00) no pós 2, o nº total de compressões (CTE) em 120 segundos apresentou média de 227,88±41,81 (mediana 226,00) no pós 1 e 197,31±30,42 (mediana 195,50) no pós 2, o nº de CTE muito superficiais média de 132,20±89,94 (mediana 146,50) no pós 1 e 74,96±75,76 (mediana 53,00) no pós 2, todos com diferenças estatisticamente significante (p<0,001). Já o nº de CTE incompletas apresentou média de 25,09±56,95 (mediana 0,00) no pós 1 e 14,51±35,45 (mediana 0,00) no pós 2 com diferença estatisticamente significante (p=0,012). No presente estudo, apesar de diferentes estratégias de ensino abordarem o SBV para leigos, os resultados demonstram que as mesmas foram eficazes e os objetivos de aprendizagem foram alcançados, pois houve incremento nas notas obtidas nos pós-testes e no OSCE tanto na etapa I quanto na etapa II em relação ao conhecimento prévio e habilidades, porém houve perda da retenção de conhecimento e habilidade de 15 a 20 dias após o curso de SBV para leigos o que reforça a necessidade da capacitação permanente