A formação dos trabalhadores técnicos de nível médio em saúde em Mato Grosso do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Moraes, Silvia Helena Mendonça de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-18072024-140153/
Resumo: Este estudo abordou a formação técnica dos trabalhadores de nível médio da área da saúde no estado de Mato Grosso do Sul (MS). Na sociedade neoliberal, o foco dessa formação é, exclusivamente, para o mercado de trabalho e, portanto, reduzido ao fazer. Todavia, dialeticamente, esse foco pode ser tensionado pela perspectiva da formação humana integral, tendo a transformação social como princípio. O objetivo geral deste estudo foi analisar a formação técnica de nível médio em saúde em MS em suas relações com as políticas educacionais no cenário neoliberal e seus desdobramentos na organização da oferta, na prática pedagógica e nas perspectivas de estudantes e egressos. Tem-se como objetivos específicos: delinear alguns aspectos da política de formação técnica de nível médio em saúde a partir de dispositivos político-legais do estado; caracterizar os cursos e estabelecimentos de ensino na educação profissional técnica de nível médio na área da saúde, considerando oferta e incluindo as modalidades e matrículas, bem como a natureza jurídica das instituições formadoras; analisar diretrizes teórico-metodológicas, concepções e práticas pedagógicas, considerando a formação para o trabalho; e relacionar as perspectivas de estudantes e egressos quanto às motivações e expectativas da formação técnica de nível médio em saúde com as análises empreendidas ao longo do estudo. Tratou-se de uma pesquisa transversal, descritiva, de abordagem quantitativa e qualitativa e análise documental. A abordagem quantitativa foi referente aos dados obtidos no Censo Escolar, no período de 2010 a 2019. Na parte qualitativa, a pesquisa foi realizada em quatro estabelecimentos de ensino, sendo dois públicos e dois privados. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com professoras e coordenadoras/coordenador e quatro grupos focais com estudantes/egressos dos cursos técnicos que fizeram parte do estudo: Análises Clínicas, Enfermagem, Imobilizações Ortopédicas e Radiologia. A análise documental foi realizada a partir do marco legal da educação profissional do estado de MS e documentos disponibilizados pelos estabelecimentos de ensino. A análise dos dados foi conduzida pela análise de conteúdos, tendo sido feita aproximação ao referencial teórico do materialismo histórico dialético, com destaque à compreensão sobre o trabalho como princípio educativo e ao ideário neoliberal no campo educacional. Os dados quantitativos foram analisados por meio da estatística descritiva. Para a apresentação e discussão dos resultados provenientes dos dados qualitativos, foram configuradas as seguintes categorias empíricas: O sentido dado ao trabalho; A relação trabalho-educação adotada pelas escolas; Relação teoria e prática; Concepção de formação presente nas escolas; e Organização curricular. Para os resultados dos grupos focais, as categorias empíricas foram: Trajetórias educacionais e expectativas para a formação técnica; e Empregabilidade: foco estratégico dos egressos e estudantes. A formação técnica dos trabalhadores de saúde em MS segue a vertente da formação para o mercado, com cursos subsequentes ofertados, em sua maioria, por escolas particulares. Tanto no setor público como no privado, os currículos e as práticas pedagógicas estão, predominantemente, voltados para a lógica da escola nova e do tecnicismo. As motivações e expectativas de estudantes e egressos em relação à formação técnica coadunam com os ideais da sociedade neoliberal, privilegiando a formação para o mercado, em termos da empregabilidade, o que afasta a possibilidade de uma formação densa, que permitiria a inserção social com criticidade e com mais condições de compreender as relações entre saúde e sociedade. Considerando o movimento dialético na produção das relações socais, espera-se que este estudo possa contribuir para reflexões e proposições de um projeto contra-hegemônico que esteja a favor da classe trabalhadora e do SUS, com vistas à formação humana integral para a transformação social.