Avaliação do impacto da transfusão emergencial de hemocomponentes ABO não idênticos na sobrevida e gravidade dos pacientes vítimas de trauma

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Silva, Adriana Lucia de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/99/99131/tde-09032020-135401/
Resumo: No atendimento inicial ao paciente vítima de trauma, as transfusões de sangue comumente acontecem em caráter de extrema urgência, não havendo tempo hábil para a realização dos testes pré-transfusionais. Nesta situação, podem ser administrados hemocomponentes ABO compatíveis, mas não idênticos, até que a determinação do tipo ABO da vítima seja feita. Existem evidências recentes em literatura que associam a transfusão de hemocomponentes ABO não idênticos (concentrado de plaquetas, plasma fresco e concentrado de hemácias) a maior mortalidade e morbidade de pacientes críticos. Objetivo: Avaliar o impacto da transfusão de hemocomponentes ABO não idênticos na mortalidade de 30 dias e gravidade de pacientes vítimas de trauma. Métodos: Trata-se de estudo de coorte retrospectivo em que foram selecionados pacientes vítimas de trauma atendidos entre 2016 e 2018 pela Fundação Pró-Sangue Hemocentro de São Paulo, com requisição de transfusão de extrema urgência. Foram avaliadas variáveis clínicas e laboratoriais que serviram de base para cálculo dos escores APACHE II e APACHE IV, visando determinar a gravidade dos pacientes à admissão na UTI. O grupo de pacientes que receberam menos de três hemocomponentes ABO não idênticos nas primeiras 24h de atendimento foi comparado ao grupo que recebeu três ou mais hemocomponentes ABO não idênticos em termos de escore APACHE à admissão na UTI e mortalidade por todas as causas em 30 dias. Resultados: A transfusão de três ou mais hemocomponentes ABO não idênticos (concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas, plasma fresco ou crioprecipitado) nas primeiras 24 horas de internação hospitalar associou-se significativamente a maior gravidade dos pacientes traumatizados na admissão na UTI (OR 2,88; IC 95% 1,25 - 6,53; p=0,011). O mesmo efeito foi observado com a transfusão de ao menos uma unidade de concentrado de plaquetas ABO não idêntico (OR 5,22; IC 95% 1,23 - 23,82; p=0,026). O número total de transfusões nas primeiras 24 horas de atendimento hospitalar, a indicação de neurocirurgia, idade, o escore APACHEII e a não realização de cirurgia de emergência associaram-se de forma independente ao aumento da mortalidade em 30 dias na coorte estudada. Não houve associação entre transfusão de três ou mais unidades de hemocomponentes ABO não idênticos e aumento nas taxas de mortalidade em 30 dias. Conclusão: A transfusão de hemocomponentes ABO não idênticos aumenta a gravidade dos pacientes traumatizados à admissão na UTI. A determinação imediata tipo ABO das vítimas de trauma com fornecimento de hemocomponentes ABO idênticos parece ser clinicamente vantajoso no cenário do trauma.