A concepção educacional de Hannah Arendt à luz da pedagogia retórica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Santos, Neiva Caetano dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59140/tde-06062023-080353/
Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar a concepção educacional de Hannah Arendt à luz dos princípios da pedagogia retórica, proposta educacional criada pelos sofistas da Grécia Clássica e representada na atualidade por John Dewey. A análise focaliza o ensaio \"A crise na educação\", único texto de Arendt que aborda mais amplamente assuntos da educação. Publicado em 1961 como capítulo do livro Entre o passado e o futuro, o ensaio deriva de uma conferência, forma de comunicação sucinta que não permite identificar imediatamente a concepção educacional da autora. Por esta razão, o trabalho utiliza uma estratégia metodológica análoga à dos paleontólogos, fazendo a prospecção do texto - um exame pormenorizado de cada tema abordado - para delinear as ideias arendtianas. O primeiro capítulo discorre sobre as críticas de Arendt à educação progressiva, revelando que a crise na educação não é restrita ao ambiente escolar, pois a sua origem está nas relações entre adultos e crianças, o que inclui a relação entre professores e alunos como um caso particular. Por meio de conceitos advindos de outras obras de Arendt, o segundo capítulo investiga essas relações e conclui que a essência da crise na educação está na incapacidade de os adultos assumirem a responsabilidade pelo mundo. Isto se materializa na falência da autoridade e da tradição, fenômeno que, por sua vez, decorre da alienação perante o que é público, em prejuízo da esfera política. O terceiro capítulo, então, apresenta a concepção educacional arendtiana, mas, como os seus componentes não são integralmente explicitados no ensaio, faz-se necessário buscar referenciais externos, em especial as proposições deweyanas, para compor as teses arendtianas. Tais teses exprimem a ideia de que educar é preparar o educando para assumir ações transformadoras - revolucionárias - que contrariem o estabelecido, para que o mundo não continue seguindo a trajetória da alienação; por intermédio da autoridade do professor, pautado na tradição, o estudante deve aprender a enfrentar os desafios da vida pública, sendo a escola a instituição que apresenta a ele o mundo. No quarto capítulo, essas teses são associadas aos princípios da pedagogia retórica, com o propósito de elaborar uma visão crítica de certos aspectos da educação contemporânea.