Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Tomazini, Mariana Vannuchi |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-02102020-003142/
|
Resumo: |
Com a progressiva profissionalização e espetacularização do esporte de alto rendimento, houve um crescimento significativo do interesse acadêmico sobre a construção da carreira esportiva nas diferentes modalidades, incluindo o surfe, objeto deste estudo. Há escassez na produção científica nacional e internacional sobre carreira esportiva no surfe e este estudo objetiva analisar e descrever a atuação profissional e a construção da carreira do atleta de surfe de alto rendimento no Brasil. Tratase de uma investigação qualitativa, no formato de análise temática com categorias definidas a priori, a partir da Teoria Desenvolvimentista de Carreira, da Teoria de Construção de Carreira e de estudos sobre carreira esportiva da Psicologia do Esporte, literatura esta que também embasou a análise de dados neste estudo. Colaboraram com esta pesquisa seis participantes do sexo masculino: quatro atletas que atuam profissionalmente com o surfe, entre 15 e 28 anos e dois profissionais com atuação relacionada à organização e ao desenvolvimento do surfe de alto rendimento no Brasil, entre 44 e 52 anos. Os dados foram obtidos por entrevistas semiestruturadas e analizados em eixos, categorias e subcategorias temáticos. Os resultados evidenciam que não há atuação sistêmica das entidades nacionais e internacionais na gestão do surfe, nem regulamentação da profissão. A atuação como surfista caracteriza uma carreira globalizada, informal, precarizada e dinâmica e sua construção demanda adaptabilidade e resiliência. Atualmente há falta de investimento financeiro no surfe profissional brasileiro, o que reduz as oportunidades de atuação e influencia na progressão da carreira, de modo que o Brasil tem atuado mais na exportação do que no desenvolvimento de talentos. A iniciação e profissionalização no surfe foram facilitadas por fatores sociais, pessoais e ambientais, com ênfase na alta motivação intrínseca para a prática da modalidade, que compreendeu um importante fator motivacional e de proteção na contrução da carreira e no enfrentamento de adversidades. Os estágios de desenvolvimento esportivo e de carreira e as transições normativas foram experienciadas com precocidade, incluindo processos precoces de especialização esportiva, profissionalização e transição para o âmbito mundial de competição, além da antecipação dos maxiciclos de carreira e de suas respectivas tarefas de desenvolvimento. A preparação psicológica e a gestão da carreira foram consideradas essenciais, porém, apenas dois dos participantes tiveram respaldo profissional da Psicologia, que foi realizado de modo intermitente e reduzido ao aprimoramento da performance esportiva. E os processos de planejamento e gestão da carreira se deram de modo informal, com protagonismo inicial dos pais e, posteriormente, dos patrocinadores e atletas. A trajetória de carreira incluiu transições não normativas como perda de patrocínio, lesão e dropout temporário. Foram observadas demandas de aprimoramento de habilidades socioemocionais, visto que sua escassez atuou como fator de risco na adaptação às transições normativas precoces e não normativas, além de demandas de desenvolvimento da adaptabilidade de carreira, sobretudo relativas às dimensões preocupação e curiosidade. O patrocínio esportivo atuou como marcador na carreira e sua obtenção seguiu a lógica de detecção de talentos. A preponderância do papel de atleta no life-space facilitou a ocorrência do conflito de papéis e dificultou a construção da dupla-carreira. Já a transição para o free surf, que atuou como uma espécie de destreinamento esportivo, facilitou a construção da duplacarreira. O repertório de coping vocacional incluiu fatores pessoais e sociais, com ênfase na rede de apoio social, financeira e profissional. Os participantes apresentaram elevada satisfação profissional e uma relação existencial com o mar e com o surfe, de modo que a prática da modalidade transcende o autoconceito ocupacional e compõe o estilo de vida e o Self dos mesmos. Este estudo permitiu uma melhor compreensão da organização do surfe de alto rendimento e da construção da carreira objetiva e subjetiva na modalidade, ao evidenciar dados de realidade da atuação profissional, temas de vida e aspectos nucleares do Self dos participantes, fornecendo pistas para o Aconselhamento de Carreira e o desenvolvimento de atletas. |