Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2014 |
Autor(a) principal: |
Zanchet, Aladio |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-29042014-205441/
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Resumo: |
O prestígio e a autoridade obtidos pela ciência têm como um de seus principais fundamentos a ideia de que a representação científica da realidade é livre de influências dos valores morais, éticos e sociais dos pesquisadores. Essa ideia, porém, permanece como uma das questões centrais do debate na filosofia da ciência e na epistemologia, e a reflexão sobre a relação que valores mantêm com práticas científicas é considerada essencial para o aperfeiçoamento da ciência. Questões ambientais têm contribuído para acentuar as controvérsias sobre a maneira como a ciência é conduzida e, nesse sentido, este trabalho busca contribuir para o aperfeiçoamento das práticas científicas por meio de uma reflexão crítico-epistemológica sobre o papel desempenhado pelos valores no processo de construção do conhecimento científico em Contabilidade Ambiental (CA) no Brasil. O desenvolvimento do trabalho foi orientado, fundamentalmente, pela filosofia de Hugh Lacey, cujo modelo de análise da relação entre valores e atividades científicas possibilita identificar e situar o papel que os valores desempenham nas práticas científicas, sem que com isso a imparcialidade, na avaliação de teorias, fique prejudicada. Para a análise empírica foram acessados 344 trabalhos de pesquisa sobre CA publicados no Brasil entre os anos de 1998 e 2013, envolvendo teses de doutorado, dissertações de mestrado e artigos de periódicos. O exame dos discursos presentes nos trabalhos focou as estratégias de pesquisa que orientaram tais investigações. A análise dos pressupostos teóricos que orientaram as pesquisas e dos critérios de seleção de dados empíricos utilizados para testar as teorias adotadas, mostra que estratégias de pesquisa de abordagem descontextualizada são hegemônicas na condução das pesquisas em CA no Brasil. Autores dos trabalhos analisados silenciam sobre pressupostos ontológicos e epistemológicos que orientaram suas investigações, e sobre o papel que valores exercem nessa atividade. As pesquisas são conduzidas sob a crença numa realidade objetiva, cuja existência independe da consciência, dos valores e dos interesses humanos, e espelham a possibilidade de capturar e representar a realidade de uma forma objetiva, neutra e imparcial. Visando, fundamentalmente, promover a possibilidade de controlar os objetos investigados, a ênfase das pesquisas está em explicar e prever o comportamento dos fenômenos por meio da identificação de padrões de comportamento, de regularidades e de relações causais. Decorrente dos próprios objetivos instrumentais da contabilidade, a adoção quase exclusiva desse tipo de estratégia de pesquisa reflete uma subordinação das escolhas metodológicas à possibilidade de aplicação do conhecimento gerado para fins de controle, o que compromete a neutralidade das práticas científicas dessa área. Tais resultados levam à conclusão de que as práticas de pesquisa em CA no Brasil não estão comprometidas com o ideal da neutralidade científica, em razão da relação mutuamente reforçada entre as aplicações do produto da ciência e as escolhas metodológicas. A par dos avanços já obtidos na pesquisa em CA no Brasil por meio das estratégias descontextualizadas, um comprometimento efetivo com o ideal da neutralidade nas práticas científicas requer a abdicação desse monismo metodológico em favor da coexistência de uma pluralidade de estratégias de pesquisa nessa área. |