A influência da família no consumo de álcool na adolescência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Gomes, Betânia da Mata Ribeiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/83/83131/tde-30112012-131304/
Resumo: Embora os fatores de risco ao consumo de drogas sejam bastante conhecidos, ainda pouco se sabe sobre a dinâmica e a organização das famílias de adolescentes que consomem álcool, assim como suas interrelações com a comunidade. Buscando compreendê-las, esta pesquisa objetivou analisar e interpretar a influência da família no consumo de álcool por adolescentes, a partir dos referenciais teóricos do interacionismo simbólico e da perspectiva sistêmica de família. Para tanto, adotou-se como campo de estudo a Unidade de Saúde da Família Emocy Krause, localizada no Distrito Sanitário IV, da cidade do Recife, Pernambuco, Brasil. Os participantes do estudo foram 22 membros de dez famílias, dentre os quais estavam onze adolescentes, de ambos os sexos, na faixa etária de quatorze a dezenove anos, e que consumiam álcool. As técnicas utilizadas para coleta de dados foram: observação e entrevista em profundidade, baseada modelo Calgary de Avaliação da Família, para obtenção de informações que permitissem a avaliação dos componentes estrutural, de desenvolvimento e funcional das famílias, além da construção do genograma e do ecomapa familiar. A análise dos dados foi realizada empregando-se a análise temática do tipo indutiva. Foram elaborados três temas: na internalidade da família: fragilidade e conflitos; entre nós: limites, responsabilidades e esperança; e decisão pela bebida: diversão permeada por riscos. O primeiro tema aborda as fragilidades das famílias, como as relações interpessoais conflituosas, o padrão de comunicação intrafamiliar, a experiência de separação e as perdas, e os conflitos vividos entre seus componentes. O segundo tema trata da interação entre os componentes da família, caracterizada pela desestruturação, envolvendo o consumo abusivo de bebidas alcoólicas pelos familiares e desrespeito, marcando os limites de atuação da família que contribuíram para que os adolescentes se aproximassem das bebidas alcoólicas. Mesmo assim, a família não se eximiu de sua responsabilidade para com seus membros, bem como manteve a esperança, nutrida pelas aspirações e religião dos seus membros. Por fim, a decisão pela bebida retrata o contexto do consumo de álcool e as motivações para esse consumo. Os adolescentes apontaram como motivos o prazer e a diversão, sem ignorar os prejuízos do uso abusivo da bebida alcoólica. A diversão associou-se a músicas que se aproximavam do contexto de vida dos adolescentes, incentivando o consumo de bebidas e funcionando como escape dos problemas familiares. Concluiu-se que, tanto a família quanto o contexto sociocultural de inserção dos adolescentes podem influenciar, ao mesmo tempo, de forma positiva e negativa o uso e o abuso de álcool. A estrutura e composição da família, o padrão de interação familiar, a comunicação entre seus membros, a religião e a esperança são componentes que ser articulam diretamente com a prática do consumo de álcool pelos adolescentes e podem ser alvo de intervenção na enfermagem.