Toxicidade em camundongos devido à exposição prolongada a uma floração de cianobactérias contendo microcistinas: avaliações comportamental, hematológica, bioquímica e anatomopatológica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Moreira, Camila Queiroz
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10133/tde-30102007-104930/
Resumo: As cianobactérias (algas azuis) são organismos procariontes, fotossintéticos, encontrados em praticamente todo tipo de habitat líquido e que podem formar grandes massas superficiais de cor verde intensa denominadas florações. O aparecimento de florações na superfície da água ocorre com uma incidência cada vez mais elevada e é considerado um risco potencial à saúde, devido à natureza tóxica de algumas algas. As cianobactérias podem produzir hepatotoxinas, neurotoxinas e dermatotoxinas, que já causaram reações adversas e morte de animais e seres humanos. A maioria das hepatotoxinas são microcistinas (MCs), uma família de toxinas produzidas por espécies de cianobactérias de água doce. A MC-LR foi a primeira a ser identificada é a mais estudada, pois tem sido associada à maioria dos casos de intoxicação envolvendo cianotoxinas. O presente trabalho visou avaliar a toxicidade causada em camundongos pela exposição prolongada ao extrato aquoso de uma floração de cianobactérias contendo microcistinas. Para tanto, camundongos machos Swiss receberam o extrato (300 ou 900 mg/kg) por quatro semanas, sendo avaliados: ganho de peso, consumo de ração e água, comportamento no campo aberto (CA) e no labirinto em cruz elevado (LCE), hemograma, bioquímica sanguínea, achados anatomopatológicos e presença de MC no plasma e fígado. Além disso, quantificou-se as MCs presentes no extrato e avaliou-se in vitro a morte celular de leucócitos expostos a esse extrato e à MC-LR. A análise química do extrato mostrou que este possui, além das MCs, anabaenopeptinas; dentre as MCs foram encontradas a MC-LR, MC-RR, MC-YR e [D-Asp3] MC-LR. A exposição prolongada ao extrato por 28 dias não alterou o ganho de peso e o peso relativo de órgãos. Na necropsia também não foram observadas alterações macroscópicas, contudo alterações histopatológicas foram encontradas no fígado e no rim. No fígado foram observados focos discretos de necrose lítica hepatocelular associada a infiltrado de neutrófilos e células mononucleares. No rim, o tratamento com o extrato aumentou significativamente a intensidade de nefrose tubular, sendo esta mais acentuada nos animais tratados com a maior dose. O tratamento prolongado com o extrato em ambas doses causou efeitos comportamentais dosedependentes no CA: aumento significativo da distância percorrida, do número de entradas, do tempo em movimento e do número de levantamentos no centro do CA, além de um aumento do tempo de permanência no centro, com conseqüente diminuição deste parâmetro na periferia. No entanto, nenhum dos parâmetros avaliados no LCE foi alterado. A exposição prolongada ao extrato causou alterações sutis em parâmetros hematológicos e bioquímicos, caracterizadas por tendência de diminuição de leucócitos e de aumento dos níveis de creatinina sérica nos animais tratados com a maior dose do extrato. O tratamento prolongado com o extrato permitiu a detecção de MC apenas no fígado. Tanto a MC-LR como o extrato promoveram aumento das taxas de apoptose em leucócitos de camundongo in vitro. Finalizando, observou-se que a exposição prolongada a uma floração contendo MCs causou baixa toxicidade e efeitos comportamentais dose-dependentes, mostrando que o comportamento animal é bastante útil para avaliar efeitos mais sutis de agentes tóxicos sobre o sistema nervoso central.