A adesão ao Programa de Controle da tuberculose no distrito sanitário do Butantã, São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1998
Autor(a) principal: Bertolozzi, Maria Rita
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6132/tde-08042020-115958/
Resumo: A ressurgência mundial da tuberculose em decorrência da sua associação com a AIDS, da progressiva multirresistência às drogas utilizadas, da crescente deterioração das condições de vida e de acesso à saúde de certos segmentos sociais, bem como as baixas taxas de adesão ao tratamento vêm colocando em pauta o desafio de revisitar os princípios técnicos, éticos e legais das medidas de controle tradicionalmente utilizadas. Em vista disso, esta investigação tem como objetivo analisar a questão da adesão ao Programa de Controle da Tuberculose (PCT) em São Paulo (SP), especificamente quanto ao tratamento medicamentoso, através da identificação das representações dos doentes sobre o processo saúde-doença, a assistência prestada e o tratamento, verificando quais os processos que levam os doentes a concluí-lo. Foram estudados 18 depoimentos de egressos do PCT, de unidades de saúde do Distrito Sanitário do Butantã-SP, de abril de 1995 a abril de 1996. A análise do material empírico foi feita à luz de duas vertentes teóricas, a Teoria das Necessidades e a Teoria da Determinação Social do Processo Saúde-doença, operacionalizadas através de técnica que põe em evidência os sentidos e os significados das ações contidas nos discursos, buscando-se a apreensão da lógica subjacente. Os resultados evidenciam que a inserção no processo de produção, parece influenciar o modo como os sujeitos vivenciam a doença e a adesão ao PCT. O imaginário em relação à doença, bem como o comportamento do doente parecem estar ligados à forma como a sociedade impõe atitudes e normas com respeito à tuberculose. Como produto da relação das pessoas com o trabalho e a vida, os doentes lidam com a enfermidade estabelecendo projetos de vida, nos quais a superação da doença é um objetivo a ser alcançado e a razão pela qual se concretiza a adesão ao tratamento. A adesão também está associada à forma como se processa a assistência à saúde, dependendo da organização dos processos de trabalho nas unidades de saúde. O atendimento às necessidades das pessoas, transcendendo a dimensão biológica, possibilitando um espaço de interlocução entre o trabalhador de saúde e o doente, constitui o alicerce que vai determinar o engajamento no tratamento. O respaldo que o sujeito enfermo pode dispor nos âmbitos da família, do trabalho e na assistência também coloca-se como suporte para a adesão, pois constitui-se como espaço para a compartilha e o enfrentamento do processo saúde-doença. Os resultados apontam para a necessidade de que o PCT seja revisto, no que se refere ao estabelecimento de políticas públicas que coloquem em evidência a reorientação da produção da saúde, contemplando as necessidades de saúde do doente e da coletividade.