Como uma sociedade é possível? por uma reconstrução da teoria da sociedade internacional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Babo, Thiago
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8131/tde-08012021-112837/
Resumo: A partir da segunda metade do século XX, a assim chamada Escola Inglesa das Relações Internacionais fora de extrema importância para os debates teóricos da disciplina das Relações Internacionais ao apresentar o conceito de sociedade internacional. Enquanto grande parte das teorias existentes, até então, enfatizavam o caráter anárquico das relações internacionais, impossibilitando construções sociais que pudessem se sobrepor ao individualismo dos Estados, a teoria da sociedade internacional tivera um papel central na interpretação da possibilidade de, na ausência de um Estado soberano mundial, uma sociedade de Estados pudesse se estabelecer regulando, de certa forma, suas relações e, consequentemente, mitigando o impacto de um sistema internacional (anárquico). Ao se contrapor aos estudos behavioristas e econômicos comuns ao campo disciplinar das Relações Internacionais nos Estados Unidos do pós-II Guerra Mundial, a Escola Inglesa buscou apresentar uma leitura mais histórica e sociológica dos fenômenos sociais internacionais. Esse diálogo, entretanto, entre a Sociologia e as Relações Internacionais, fora feito de modo superficial, ignorando as principais contribuições do desenvolvimento teórico realizado pela Sociologia até então. Não há, ao menos explicitamente, nenhuma relação clara entre a teoria da sociedade internacional e as mais diversas teorias da sociedade que caracterizam o debate sociológico. Partindo desta problemática, esta pesquisa tem por objetivo realizar uma interação profunda entre as Relações Internacionais e a Teoria Social com o objetivo de compreender como uma sociedade internacional é possível - em outras palavras, buscamos apresentar uma sociologia da sociedade internacional. Para a concretização deste objetivo, buscaremos realizar uma reconstrução da teoria da sociedade internacional - conforme apresentado por Habermas -, ou seja, identificar e compreender os elementos de uma racionalidade teórica-conceitual expostas na conceitualização original de sociedade internacional; decompor, primordialmente, mas também recompor, quando possível, este arcabouço teórico-analítico, buscando apresentar seus valores constitutivos, bem como as estruturas de poder inerentes a sua específica interpretação, com o objetivo de esgotar o seu potencial explicativo ainda inativo e expor suas relações de dominação. É, também, desvendar as premissas e as lógicas que estão ocultas e implícitas na formulação da teoria da sociedade internacional. É buscar compreender qual (ou quais) pensamento filosófico e qual (ou quais) teoria sociológica - ou teoria social -, que sustentam e possibilitam o significado posto neste conceito, muitas vezes não explícitos e, às vezes, inconscientes ou naturalizados. É demonstrar, racionalmente, quais são os alicerces do pensamento que levam a um particular entendimento de sociedade internacional. Ao identificar a predominância de uma interpretação particular de sociedade à sombra do conceito de sociedade internacional, a funcionalista, pretendemos indagar quais são as consequências oriundas do uso dessa tradição do pensamento social em detrimento de outras abordagens. Por fim, almejamos apresentar uma interpretação sobre a sociedade internacional pautada na tradição compreensiva-relacional da teoria social, principalmente a partir dos trabalhos de George Simmel, Max Weber e Norbert Elias.