Efeitos combinados da atrazina (fórmula comercial Proof®), da elevação da temperatura e da flutuação termal diária sobre o desenvolvimento larval de anuros

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Domenico, Eleonora Aguiar De
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41135/tde-15122016-103438/
Resumo: A alteração do clima da Terra induzida pelas atividades humanas e a poluição têm sido apontados como potenciais estressores sinergísticos que ameaçam a persistência de populações de anuros em ambientes naturais. Entretanto, mediante um cenário complexo de mudanças antropogênicas globais, o conhecimento acerca do efeito isolado de estressores, bem como de sua interação, é ainda incipiente. Além do aquecimento como tendência central, a mudança climática tem sido relacionada, de modo cada vez mais consistente, ao aumento de eventos extremos, que podem resultar no aumento da ocorrência e da magnitude de temperaturas diárias extremas quentes e frias, impondo desafios adicionais à biota. No presente trabalho, foi testada a hipótese de que o aquecimento e a flutuação termal diária interferem na toxicidade da atrazina sobre larvas de três espécies de anuros (Dendropsophus minutus, Leptodactylus podicipinus e Physalaemus nattereri) que habitam áreas de cultivo de cana-de-açúcar, onde a utilização desse herbicida é frequente. Para testar essa hipótese, foram estudados os efeitos do aquecimento (23-27 ºC para D. minutus e L. podicipinus e 28-32 ºC para P. nattereri), da flutuação termal diária (23±4 ºC e 27±4 ºC para D. minutus e L. podicipinus e 28±4 ºC para P. nattereri) e da exposição à atrazina (120 μg/L para D. minutus e L. podicipinus e 30, 120 e 180 μg/L para P. nattereri), de maneira isolada e combinada, no desenvolvimento larval dessas espécies. A fim de compreender tais efeitos, foram monitorados os seguintes parâmetros: tempo de desenvolvimento, massa e comprimento na metamorfose, condição corpórea, proteínas e lipídios hepáticos totais, atividade de enzimas antioxidantes (catalase, GST e SOD) e nível de peroxidação lipídica. As respostas encontradas foram diferentes entre as funções de desempenho fisiológico analisadas, com possíveis consequências positivas ou negativas para a aptidão, além de terem sido espécie-específicas. Além disso, no caso do efeito combinado dos estressores analisados, foram observadas interações sinergísticas, neutras ou mesmo antagônicas. De modo isolado, a atrazina e a flutuação termal promoveram o retardo ou a aceleração do desenvolvimento, enquanto o aquecimento acelerou ou não teve efeito sobre o mesmo. A atrazina, surpreendentemente, promoveu a melhora da condição corpórea, enquanto a flutuação termal diária promoveu a melhora, a piora ou não teve efeito sobre esse parâmetro, e, por fim, o aquecimento piorou ou não alterou a condição corpórea. Os três fatores testados, de modo isolado, promoveram a ativação da catalase e, de modo menos frequente, da GST, embora apenas o aquecimento, de modo isolado, tenha induzido o dano oxidativo, com aumento do nível de LPO tendo sido observado na espécie D. minutus. Os fatores analisados (aquecimento, flutuação termal diária e exposição a concentrações ecologicamente relevantes de atrazina) tiveram efeito sinergístico em D. minutus, em que houve piora da condição corpórea, e neutro em L. podicipinus, espécie na qual não foi verificada alteração nesse parâmetro. Houve ainda sinergismo na indução de dano oxidativo (aumento do nível de LPO), constatado nas três espécies analisadas nos casos mais severos de combinação de estressores. O presente trabalho evidencia a complexidade da interação de fatores ambientais e, portanto, reafirma a necessidade de estudar os efeitos das mudanças globais sobre a biota para a melhor definição dos limites de tolerância e da capacidade de resiliência das espécies