A qualidade de vida e a experiência do trauma para vítimas e seus familiares

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Paiva, Luciana
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-30062009-103348/
Resumo: O objetivo deste estudo foi compreender o significado cultural de qualidade de vida para pessoas que vivenciam o processo de reabilitação de múltiplos traumas. A antropologia interpretativa, a etnografia e o Modelo Conceitual de Qualidade de Vida do Centre for Health Promotion foram utilizados como referencial teórico, nesta investigação. Participaram, deste estudo etnográfico, 11 sujeitos que estiveram internados, na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, e dez familiares. Para a coleta de dados, foram utilizadas a entrevista semiestruturada e a observação direta no domicílio dos participantes. A partir da análise e interpretação dos dados, constatou-se que os sentidos atribuídos pelos participantes à experiência do trauma estão relacionados às sequelas do trauma e a suas consequências, aos sentimentos de medo e insegurança, à vulnerabilidade vivenciada no pós-trauma associada ao surgimento de novas patologias e agravamento do quadro clínico e às percepções negativas da imagem corporal e das limitações físicas. Os sujeitos atribuíram o trauma e suas consequências aos desígnios de Deus, a hábitos como bebidas e uso de drogas ilícitas, ao ambiente de trabalho inseguro. Mencionaram que, apesar das consequências do trauma (incapacidades físicas, mudanças nas relações sociais, mudanças no estilo de vida), a experiência trouxe um melhor convívio familiar. As dimensões de qualidade de vida consideradas importantes para o grupo social foram ter saúde, trabalho e apoio. Considerando o Modelo Conceitual de Qualidade de Vida do Centre for Health Promotion, apresentado por Renwick (2004), a dimensão ser para os participantes deste estudo refere-se ao aspecto físico (dependência física, a preservação da imagem corporal), psicológico (ter felicidade) e espiritual (ter fé em Deus). Ao mencionarem o trabalho como um importante aspecto de reinserção social, observaram-se em suas narrativas as noções de ser já que é preciso ter saúde, recuperar a mobilidade e a independência; o que requer a noção pertencer, ou seja, o apoio social, espiritual e familiar, e associado à noção tornar-se, à medida que auxiliaram nas adaptações às mudanças vivenciadas no pós-trauma. . Os participantes expressaram que o trauma possibilitou a oportunidade de ver a vida com outro olhar. Os familiares e os pacientes procuraram reestruturar suas vidas em função do trauma, das dificuldades encontradas e de seu significado social.