Associação entre negligência graviceptiva e espacial em pacientes pós acidente vascular cerebral agudo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Bronhara, Thiago
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17163/tde-11042024-092422/
Resumo: A negligência graviceptiva (NG) é a incapacidade de perceber o vetor gravitacional (vertical) e ocorre em mais da metade dos pacientes após Acidente Vascular Cerebral (AVC). Assim como a NG, a negligência espacial (NE) resulta em negativo impacto funcional. Até o momento, a associação desses dois distúrbios foi investigada previamente apenas nas fases subaguda e crônica pós AVC. Uma vez que diretrizes atuais preconizam a identificação precoce de disfunções e o conhecimento de seus mecanismos inerentes a fim de realizar o melhor planejamento de reabilitação, o presente estudo teve como objetivo principal analisar a associação entre NE e NG em pacientes na fase aguda pós AVC. Os objetivos específicos foram: descrever a frequência de distúrbios de verticalidade visual (VV) estimada de três formas: VV de orientação por média dos valores reais (VVo), VV de incerteza por média dos valores absolutos (VVi-mab) e VV de incerteza por desvio padrão da VVo (VVi-dp) em relação à presença de NE; descrever a frequência de pacientes com e sem NE em relação ao lado da inclinação da VVo; analisar a associação entre NE e distúrbios da VV (VVo, VVi-mab, VVi-dp); analisar a relação entre distúrbios da VV (VVo, VVi-mab, VVi-dp) com testes específicos de NE; e analisar a associação entre NE e lateropulsão. Esse foi um estudo observacional, prospectivo, transversal e analítico. Através de recrutamento sistemático, foi incluída uma amostra representativa de 96 pacientes, idade média de 60,7±13,5, maioria do sexo masculino (70,4%). A metodologia utilizada para avaliar a VV foi o teste do balde. A NE foi avaliada através da sequência convencional de testes do Behavioural Inattention Test (BIT) utilizando os 5 primeiros itens: cancelamento de linhas, letras e estrelas, cópia de figuras e formas, e bissecção de linha. A lateropulsão foi avaliada pela escala de avaliação da síndrome do empurrador e escala de avaliação da lateropulsão de Burke. Foi observada combinação variada entre a presença de NE em relação do distúrbio de VV pelas três estimativas, sugerindo distinção, pelo menos em parte, desses distúrbios na fase aguda do AVC. As frequências de inclinação da VVo para o lado ipsi- e contralateral à lesão encefálica foram semelhantes tanto no grupo com NE quanto no grupo com percepção espacial íntegra. Não houve associação entre NE e distúrbio de VVo na fase aguda pós AVC. Houve associação significativa entre NE e distúrbio de VVi-mab na fase aguda pós AVC (r=-0,31; p=0.002), sendo essa a estimativa da VV com maior relevância. A função de atenção extrapessoal avaliada pelo teste de cancelamento de estrelas apresentou relação com a VVi-mab (r=-0,28; p=0.005) e de linhas com a VVI-mab (-0,39; p<0,001) e VVo (-0,24; p=0,016). Foi observada associação da lateropulsão com os testes de cancelamento de linhas (p=0,005) e de letras (p=0,04). Os resultados indicaram ausência de associação invariável entre NE e NG na fase aguda pós AVC o que sugere necessidade de avaliação sistemática das duas funções a fim de realizar apropriadas e individualizadas estratégias de reabilitação.