Tecendo estórias das comunidades remanescentes de quilombolas aqui e acolá

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Silva, Joseane Maia Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8156/tde-01092010-141409/
Resumo: A presente tese objetiva a recolha de narrativas orais em comunidades rurais remanescentes de quilombola, em 2008, no município de Caxias-Maranhão, e análise do sentido estético, ético, bem como a função social desses enredos. Marcadas pela luta do direito à posse da terra, todas as atividades culturais aí desenvolvidas, como a dança do baião, a festa do Divino e a contação de estórias, fortalecem a identidade étnica, o passado de exploração, o sentimento de pertencimento e as ações reivindicatórias por serviços públicos que lhes garantam vida digna. O confronto dessas narrativas orais com as narrativas escritas, divulgadas por folcloristas brasileiros, a partir da segunda metade do século XIX, mostra que as temáticas, profundamente humanas, estão relacionadas com valores, crenças, sonhos, desejos e comportamentos regidos por uma moral relativa, revelando, pois, o mundo de quem narra e a atualidade dos enredos. A variedade de contos (de encantamento, de exemplo, de animais, facécias, demônio logrado, adivinhação etc.), além de mitos, lendas e causos comprova que o motor da tradição oral é a inovação, pela incorporação do elemento local e articulação com os anseios das comunidades onde circulam que são: a busca do conhecimento, a realização amorosa, financeira, o tradicional embate entre o velho e o novo, entre o fraco e o forte, entre o bem e o mal. Veiculada numa linguagem simbólica e exercendo função essencialmente lúdica, a literatura popular sintoniza-se com o viver. Isso justifica sua cooptação pela literatura infanto-juvenil, uma vez que, ao lidar com a subjetividade, conflitos e ambigüidades, apresenta alto nível de comunicabilidade com a infância. É o que comprovamos através da história da literatura brasileira voltada para crianças e jovens, cujo viés nacionalista das primeiras publicações avança para o realismo maravilhoso de Monteiro Lobato e, na atualidade, reconhecida em âmbito mundial, mantém-se no patamar de arte como deve ser toda literatura comprometida com a formação da infância e a juventude de cada país.