Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2002 |
Autor(a) principal: |
Villa, Miriam Bratfisch |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-09092002-105102/
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Resumo: |
A literatura têm mostrado que as habilidades sociais constituem um importante ingrediente das relações conjugais satisfatórias e que a competência social é determinada por múltiplos fatores, incluindo-se aí as crenças e normas individual ou coletivamente assimiladas. A comunidade religiosa exerce grande influência sobre o comportamento de seus membros através de normas e preceitos com relação a comportamentos esperados em vários contextos, entre eles o conjugal. Nesse caso, a maioria das igrejas usualmente determina ou induz características associadas ao papel de esposa, de marido e à educação dos filhos. Este estudo teve como principal objetivo verificar a relação existente entre filiação religiosa e habilidades sociais emitidas pelos cônjuges no contexto de seu relacionamento cotidiano e outras variáveis da amostra associadas a esses aspectos. A amostra estudada foi de 74 casais divididos em três grupos: católicos, presbiterianos e sem filiação religiosa. Todos os casais responderam a um Inventário de Habilidades Sociais Conjugais (IHSC) e a uma ficha de dados pessoais. Os casais religiosos responderam também a um questionário doutrinário e um outro instrumento no qual foi solicitado que relacionassem uma lista de habilidades sociais aos ensinamentos da igreja, caso acreditassem que houvesse alguma relação. Os dados dos três grupos foram organizados em tabelas e figuras e foram comparados estatisticamente (entre religiões, entre instrumentos e com características da amostra). Os resultados mostraram que: 1) não houve diferença estatisticamente significativa entre os três grupos com relação a indicadores de habilidades sociais, mais especificamente, não houve influência das variáveis: freqüência à igreja, tempo de filiação religiosa, conhecimento doutrinário, relação que o respondente faz entre comportamentos cotidianos e ensinamentos da igreja e relato que o respondente faz com relação à influência da igreja sobre os comportamentos interpessoais conjugais; 2) nas três amostras, verificou-se diferenças significativas entre os respondentes de ambos os sexos com relação a comportamentos socialmente habilidosos, sendo que as mulheres obtiveram índices mais altos; 3) uma análise qualitativa das falas dos respondentes quando solicitados a estabelecerem relações entre habilidades sociais conjugais e ensinamentos doutrinários mostrou em linhas gerais que: a) grande parte das relações estabelecidas, na verdade, associavam habilidades sociais conjugais a regras gerais de convivência e conceitos cotidianos sobre relacionamento conjugal mais do que a ensinamentos doutrinários; b) respondentes presbiterianos se mostraram mais eloqüentes na tarefa de associar habilidades sociais conjugais a possíveis ensinamentos doutrinários; c) vários ensinamentos doutrinários foram associados a habilidades sociais, seja no sentido de apóia-las ou justificar sua não ocorrência. Algumas conclusões foram extraídas deste estudo. A religião parece não ser um fator determinante das habilidades sociais conjugais, sendo o gênero um fator mais determinante. Os respondentes parecem buscar nos ensinamentos religiosos a justificativa para suas ações, tanto socialmente habilidosas, como passivas. Além disso, parece haver um conjunto de ensinamentos religiosos (não necessariamente específicos de uma ou outra religião) que pode favorecer comportamentos sociais potencialmente favoráveis a um bom relacionamento conjugal, embora parte destes ensinamentos possa também justificar comportamentos não habilidosos passivos diante de situações que requerem enfrentamento. Embora não se possa atribuir diferenças em habilidades sociais conjugais à filiação doutrinária, os dados sugerem que a vivência na comunidade religiosa pode estabelecer normas e padrões gerais de convivência (compatíveis com várias religiões cristãs) que são aplicadas também no contexto conjugal, inclusive "modelos" de aplicação de idéias da religião aos diferentes contextos de vida ou inversamente, de justificativas de ações com base nessas idéias. |