Falando de morte na escola: o que os educadores têm a dizer?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Rodriguez, Claudia Fernanda
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-22072010-083807/
Resumo: No contexto atual a morte é, ao mesmo tempo, interdita e escancarada. A educação para a morte abre novos horizontes para a abordagem desta questão no contexto escolar. Esta discussão é relevante uma vez que adolescentes expressam a importância e a necessidade de falar sobre o tema da morte na escola. Apontam a possibilidade de troca de opiniões, dificuldades, medos e experiências entre eles, ampliando também o diálogo com educadores e familiares. Além disso, as sensações de acolhimento e segurança podem se refletir em melhor rendimento escolar. A partir disso, esta pesquisa investigou: a) quais temas relacionados à morte e à adolescência estão presentes no contexto escolar pelo olhar do educador; b) como estes temas são abordados nas escolas; c) os sentimentos e o preparo dos educadores; d) quais são as possíveis formas de intervenção, entre educadores e alunos adolescentes. O processo da adolescência e a sua relação com o tema da morte no contexto escolar foram abordados a partir de três esferas: mortes concretas, simbólicas e escancaradas. Foi utilizada a abordagem qualitativa na coleta e na compreensão dos dados. Participaram desta pesquisa sete profissionais da área da educação que atuam com adolescentes. Foram realizadas entrevistas individuais e categorias temáticas foram destacadas com o intuito de formar os eixos de análise. Os educadores falaram sobre o papel da educação e sua relação com o tema da morte, uma vez que a escola é vista por eles como instituição sócio-educativa e voltada ao desenvolvimento integral do aluno. As possibilidades de atuação com adolescentes ainda não são claramente percebidas, pois o tema da morte é pouco abordado nas escolas. Os educadores mencionaram dificuldades e falta de tempo para preparo, necessidade de reforma curricular, além da sobrecarga de tarefas já assumidas. As várias mortes são vistas como temáticas pertinentes à escola, mas eles consideram que esta tarefa deve ocorrer em parceria com outras instituições, como universidades, secretarias de educação, clínicas-escola e com a família dos alunos. Foram citadas situações já vivenciadas pelos educadores: alunos enlutados pela perda de pessoas significativas, ídolos, animais de estimação; mortes de alunos por adoecimento ou acidentes; bullying escolar; violência física e verbal; situações de exclusão e humilhação; alunos ou familiares hospitalizados; afastamento da escola; separação ou distanciamento de familiares; ausência de diálogo; perdas amorosas; automutilação; expectativas diante da saída da escola; mortes abordadas pelos meios de comunicação; crítica à mídia; banalização da morte, entre outras. Estas situações provocam nos alunos e profissionais choque, impotência, medo, indignação, insegurança e desilusão com a vida. Os educadores também enfrentam limites pessoais, do contexto escolar ou impostos pelos familiares dos alunos. Algumas possibilidades de atuação foram destacadas: trabalho preventivo às várias mortes, sensibilização, escuta, acolhimento de necessidades, reflexão, discussão em grupo, esclarecimento, legitimação dos sentimentos e ideias dos jovens, compartilhamento de vivências dos educadores, participação nos rituais, vinculação com o dia de Finados, apoio aos familiares e, em algumas situações, encaminhamento dos alunos para profissionais especializados. As disciplinas escolares, poemas, músicas, filmes, pinturas, desenhos, notícias da mídia, apostilas didáticas e livros são vistos como instrumentos facilitadores para a sensibilização ao tema da morte com adolescentes. Assim, a escola pode propiciar espaços para o aluno se fortalecer, proteger-se, valorizar a vida e lidar melhor com situações de perdas e riscos. É importante que os educadores explorem os vários canais de comunicação, a postura crítica, a expressão de dúvidas, opiniões e sentimentos dos jovens