Transmissão da tuberculose entre migrantes sul-americanos e populações brasileiras sob maior vulnerabilidade no município de São Paulo: implicações para o controle da TB

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Pescarini, Júlia Moreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6132/tde-07112016-133109/
Resumo: Objetivo: i) Estudar os casos de tuberculose (TB) por transmissão recente em brasileiros e migrantes sul-americanos, quantificar a transmissão cruzada recente entre ambas as populações e estudar seus fatores associados; ii) Avaliar, isoladamente, os fatores associados à transmissão recente da TB e o impacto da migração e de outras vulnerabilidades nos casos da doença no município. Métodos: Estudo transversal em indivíduos brasileiros e migrantes de origem sul-americana, residentes de distritos centrais do município de São Paulo (MSP) com grande proporção de populações vulneráveis e elevada presença recente de migrantes. Estudaram-se os casos de TB pulmonar por M. tuberculosis (Mtb) notificados entre 2013 e 2014, confirmados por meio de cultura de escarro. Foram utilizados os dados do Sistema Estadual de Notificação (SINAN-TB), de unidades de saúde e do laboratório central do Instituto Adolfo Lutz. Analizaram-se as variáveis sociodemográficas, clínicas e a presença de clusters simples e mistos, obtidos pelo agrupamento dos isolados de Mtb por RFLP-IS6110. i) Descreveu-se a distribuição dos clusters mistos e outras variáveis em brasileiros e migrantes sul-americanos e, investigou-se os fatores independentemente associados à presença de clusters mistos na amostra por meio de regressão logística simples e múltipla; ii) Investigaram-se os fatores independentemente associados à ocorrência de clusters mediante regressão logística simples e múltipla e estimou-se o impacto da transmissão recente da TB por meio da Fração Atribuível Populacional (PAF). Resultados: Foram amostrados 347 indivíduos, 19 por cento dos casos na área estudada. Desses, 76 por cento eram brasileiros e 24 por cento migrantes sul-americanos. O primeiro estudo mostrou que a proporção de clusters foi de 40,5 por cento , sendo 28 por cento desses compartilhados por brasileiros e migrantes sul-americanos (clusters mistos). Clusters mistos foram mais frequentemente encontrados em migrantes sul-americanos do que em brasileiros (OR=6,05), porém sugeriu-se transmissão cruzada em ambas as direções. A análise de sensibilidade, removendo usuários de drogas, HIV positivos e alcóolicos, teve pouco efeito no número de clusters mistos porém reduziu o de clusters simples em vi brasileiros, sugerindo maior transmissão recente do Mtb entre indivíduos brasileiros e migrantes não pertencentes a esses grupos de risco. O segundo estudo sugeriu que o uso de drogas está independentemente e diretamente associados a clusters sugestivos de transmissão recente (ORaj=3,18) e o alcoolismo (ORaj=0,30) está inversamente associado à transmissão recente. Foi encontrada baixa prevalência de comorbidades e outros fatores de risco entre migrantes sul-americanos, tanto em clusters quanto em perfis únicos. A transmissão recente entre usuários de drogas foi atribuída a cerca de 15 por cento dos casos de TB em brasileiros. Conclusões: Verificou-se que a transmissão recente, tanto entre brasileiros quanto entre migrantes sul-americanos, desempenha um papel importante nas regiões centrais do MSP. No entanto, sugere-se que a migração possa desempenhar um papel menos importante na transmissão/reativação da TB do que o uso de drogas e outras condições de vulnerabilidade. Dessa forma, no contexto dos crescentes movimentos migratórios para grandes cidades de países de média e baixa renda, a migração se soma à vulnerabilidade social, reforçando a necessidade de políticas intersetoriais para controle da TB.