Condições de nascimento e desigualdade social

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2001
Autor(a) principal: Lima, Roberto Teixeira de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6136/tde-10032020-132232/
Resumo: O presente trabalho toma como objeto de estudo as relações existentes entre condições de nascimento de crianças de baixo peso e não baixo peso ao nascer, condições de assistência e condições de classe. Busca reter as possibilidades e os limites para o emprego do conceito de classes sociais em pesquisas empíricas no campo da Saúde Pública e Coletiva tendo em vista as mudanças operadas no capitalismo atual pelo processo de globalização. A população estudada constitui-se de 137 recém-nascidos de baixo peso e 372 recém-nascidos de não baixo peso, pertencentes ao município de João Pessoa/PB. Os dados foram obtidos através de entrevista individual com parturientes que deram à luz nos hospitais públicos e privados da cidade, no período de abril a setembro de 2000. Foram observadas elevadas taxas de cesáreas, com predominância nos serviços privados, o que poderia estar determinando uma maior mortalidade neonatal precoce justamente para os neonatos de não baixo peso pertencentes à \"burguesia\". Em relação ao pré-natal pode-se observar que o maior risco materno-fetal coube aos neonatos de baixo peso e não baixo peso pertencentes ao \"proletariado\", cujas taxas estimadas de ausência de pré-natal foram de 33,4% e 27,1%, respectivamente, acima da média nacional. Quanto aos óbitos neonatais precoces uma descrição qualitativa dos mesmos permitiu identificar as estreitas relações existentes entre as condições de assistência ao pré-natal, ao parto e ao recém-nascido e as mediações que as condições de classe oferece. A despeito das limitações observadas no emprego do conceito de classes sociais, dada a redução teórico-metodológica operada para sua aplicação e as mudanças atualmente existentes nos processos de trabalho, pode-se considerar que a interpretação dos eventos perinatais como as condições de peso ao nascer e a mortalidade neonatal precoce são fenômenos complexos, de natureza tanto biológica quanto social, o que exige para sua melhor compreensão não só o conhecimento gerado pela Epidemiologia mas, igualmente, aquele gerado pelas Ciências Sociais.