Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Oliveira, Leonam Costa |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-28092020-165023/
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Resumo: |
Durante décadas, a educação médica brasileira foi baseada em um modelo tecnicista. Com as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina, o processo de ensino-aprendizagem passou a utilizar metodologias ativas, destacando-se a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), onde novas relações entre professores (agora tutores) e alunos vêm se estabelecendo. Esta pesquisa objetivou compreender, segundo a percepção discente, as qualidades de um bom tutor na ABP e o processo de ensino-aprendizagem que ali ocorre. Foram realizadas entrevistas estruturadas e grupos focais com 95 alunos de um curso de medicina que adota a ABP, sendo utilizada a análise de conteúdo de Bardin. Com as entrevistas foram encontradas(os) oito categorias/conjuntos que sustentam, cada uma, temas específicos de características dos tutores. Segundo os discentes, os bons tutores são aqueles que: medeiam a discussão dos grupos (categoria 1); indagam durante as tutorias (categoria 2); correlacionam a discussão trazida pelo grupo com vivências da prática clínica (categoria 3); estão preocupados com o aprendizado do aluno e atentos às características individuais e do grupo (categoria 4); avaliam e fazem um feedback efetivo (categoria 5); estão comprometidos com a metodologia da ABP (categoria 6); conhecem e estudam os casos-problemas (categoria 7); explicam pontos que os alunos não chegaram, discorrem sobre misconceptions (categoria 8). A análise dos grupos focais trouxe que: a mediação dos bons tutores ocorre de forma secundária à mediação dos próprio(s) alunos/grupo; os questionamentos/indagações são uma nova maneira de ensinar, confrontar e dar significado à aprendizagem discente; as categorias 4, 6 e 7 são determinantes da categoria 5; e que explicações do tutor podem fazer parte da ABP sem ferir seus princípios, apontando para uma interação com o ensino tradicional. Ao se analisar as percepções dos alunos sobre o processo de ensino-aprendizagem na ABP, pôde-se compreender que, como eram provenientes de uma pedagogia tradicional (96,8% dos entrevistados) acabaram por apresentar resistência às mudanças. Eles perceberam na ABP uma reconfiguração das relações de poder, com um maior equilíbrio entre a autoridade do tutor e a liberdade dos alunos, resultando na necessidade de mudanças de hábitos/comportamentos. Nas incertezas geradas na ABP o conhecimento foi percebido como uma construção coletiva, que só é possível graças a uma relação de horizontalidade entre alunos e professores. A ABP, segundo a percepção discente, oportuniza e possibilita a construção/reconstrução de uma autonomia e dialogicidade discente que estão diretamente relacionadas ao constante exercício da reflexão. A reflexão aqui foi percebida como tendo aspectos conteudista, de metacognição e comportamental/atitudinal. Exercendo essa reflexividade em seus diferentes aspectos e tendo consciência de cada um deles, os alunos caminham para uma aprendizagem realmente autônoma e dialógica e não meramente uma adaptação à metodologia. Esta pesquisa, partindo da análise da percepção discente sobre as características de um bom tutor na ABP, conseguiu revelar caminhos para o saber-fazer dos tutores na facilitação de uma aprendizagem autônoma, ativa e colaborativa. Os grupos focais ratificaram os achados das entrevistas individuais e permitiram um aprofundamento a respeito, não do produto, mas do processo de ensino-aprendizagem que ocorre na ABP. |