Associação de polimorfismos em um único nucleotídeo nos genes GPX4,CYBB, CYBA, CAT e SLC2A2 e a susceptibilidade à doença renal crônica em coortes brasileira e francesas de portadores de diabetes mellitus tipo 1

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Patente, Thiago Andrade
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5135/tde-29102014-154716/
Resumo: A nefropatia diabética (ND) é uma das principais causas de nefropatia crônica, o que torna o diabetes mellitus (DM) responsável por 44% da prevalência de doença renal crônica (DRC) no mundo. O papel do estresse oxidativo na patogênese da ND está bem estabelecido e genes pertencentes a vias pró- e antioxidantes são possíveis candidatos a conferirem susceptibilidade genética a essa e a outras complicações crônicas. Além do estresse oxidativo, o transporte intracelular de glicose, mediado por transportadores específicos, também parece exercer influência sobre a ND e outras complicações. O objetivo deste trabalho foi avaliar a associação entre ND e alguns polimorfismos de um único nucleotídeo (SNPs) em genes que codificam proteínas transportadoras de glicose (GLUT2 [SLC2A2]), proteínas pró-oxidantes (p22phox [CYBA] e NOX-2 [CYBB]) e proteínas antioxidantes (glutationa peroxidase-4 [GPX4] e catalase [CAT]) em uma coorte brasileira (n=453; 45,8% de pacientes com ND) e três coortes francesas (SURGENE [n=340; 17,7% de pacientes com ND na fase basal], GENEDIAB [n=313; 66,7% de pacientes com ND] e GENESIS [n=636; 49,7% de pacientes com ND]) de pacientes portadores de DM tipo 1. Os SNPs foram genotipados com o uso da técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) em tempo real e os resultados expressos em odds ratio (OR) ou hazard ratio (HR), com seus respectivos intervalos de confiança (IC), determinados em modelos ajustados de regressão logística politômica ou regressão de risco proporcional de Cox, respectivamente. A razão albumina/creatinina urinária (ACR) ou a taxa de excreção urinária de albumina (EUA) foram utilizadas para definir os estágios de ND e os pacientes foram classificados de acordo com a presença ou ausência de ND incipiente (ACR 30 - 300 mg/g de creatinina ou EUA 20 - 200 ?g/min ou 20 - 200 mg/L) e creatinina plasmática <1,7 mg/dL), ND estabilizada (ACR >300 mg/g de creatinina ou EUA > 200 ug/min ou > 200 mg/L e creatinina plasmática < 1,7 mg/dL ) ou ND avançada (ACR > 300 mg/g de creatinina ou EUA > 200 ug/min ou > 200 mg/L e creatinina plasmática > 1,7 mg/dL ou qualquer terapia de reposição renal) e também foram avaliadas associações dos SNPs com a taxa de filtração glomerular estimada (TFGe). O alelo raro A do SNP rs6610650 no gene CYBB foi associado com valores baixos de TFGe em mulheres na coorte brasileira e com a prevalência de ND estabilizada/avançada em mulheres da coorte francesa (OR 1,75; IC 95% 1,11 - 2,78; p=0,016). O alelo raro T do SNP rs713041 no gene GPX4 foi inversamente associado com a prevalência de ND estabilizada/avançada em homens na coorte brasileira (OR 0,30, IC95% 0,13 - 0,68, p=0,004) e com valores elevados de TFGe em homens na coorte francesa. O alelo raro A do SNP rs7947841 no gene CAT foi associado com a prevalência de ND incipiente (OR 2,79; IC95% 1,21 - 6,24; p=0,01) e ND estabilizada/avançada (OR 5,72; IC95% 1,62 - 22,03; p=0,007), bem como com a incidência de eventos renais, definidos como novos casos de microalbuminúria ou progressão para um estágio mais grave de ND durante o seguimento de estudo, na coorte SURGENE (HR 1,82; IC95% 1,13 - 2,81; p=0,01). O mesmo alelo de risco associou-se com a prevalência de ND incipiente (OR 3,13; IC95% 1,42 - 7,24; p=0,004) e com a incidência de insuficiência renal crônica terminal (IRCT) na coorte GENEDIAB (HR 2,11; IC95% 1,23 - 3,60; p=0,008) e com a prevalência de ND incipiente (OR 2,16; IC95% 1,14 - 4,10, p=0,02) e ND estabilizada/avançada (OR 2,71; IC95% 1,38 - 5,42; p=0,004) na coorte brasileira. O alelo raro T do SNP rs9932581 no gene CYBA foi inversamente associado com a prevalência de ND estabilizada/avançada (OR 0,60; IC95% 0,46 - 0,78; p=0,0001) e com valores mais baixos de TFGe nos pacientes de descendência europeia da coorte GENESIS/GENEDIAB. Este mesmo alelo foi associado com a incidência de eventos renais e de IRCT nas coortes SURGENE (HR 0,63; IC95% 0,46 - 0,86; p=0,003) e GENESIS/GENEDIAB (HR 0,51; IC95% 0,31 - 0,78; p=0,002), respectivamente. Entretanto estes resultados não foram replicados na coorte brasileira. O alelo raro T do SNP rs11924032 no gene SLC2A2 foi inversamente associado com a perda da TFGe ao logo do tempo (0,02%/ano vs 2,18%/ano para os pacientes portadores do genótipo GG; p=0,005), na coorte SURGENE. Este mesmo alelo foi inversamente associado com a incidência de IRCT nas coortes GENESIS/GENEDIAB (HR 0,53; IC95% 0,29 - 0,89; p=0,01). Os resultados observados para o gene SLC2A2 não forneceram fortes indícios para afirmarmos que este gene exerça um papel relevante no desenvolvimento da ND nos pacientes com DM tipo 1 nas coortes francesas estudadas. Em contrapartida, os SNPs nos genes que codificam as proteínas pró-oxidantes CYBA e CYBB e as proteínas antioxidantes GPX-4 e CAT foram capazes de modular o risco para doença renal em pacientes portadores de DM tipo 1, sendo que os SNPs presentes nos genes CYBB, GPX4 e CAT tiveram seus resultados replicados em coortes independentes, o que corrobora a importância destes genes e, consequentemente, do estresse oxidativo, na patogênese da ND